Eugénio de Andrade nasceu na Póvoa de Atalaia, concelho do Fundão, no dia 19 de Janeiro de 1923 e viveu até 13 de Junho de 2005.
Aos vinte anos muda-se para Coimbra, onde cumpre o serviço militar.
Desempenhou as funções de Inspector Administrativo do Ministério da Saúde, durante 35 anos.
Fez várias viagens, cumprindo uma série de convites para participar em vários eventos. Conheceu poetas e escritores, tais como Miguel Torga, Marguerite Yourcenar, Teixeira de Pascoaes, Herberto Hélder, Óscar Lopes, Jorge de Sena, Sophia de Mello Breyner Andresen, Mário Cesariny e muitos outros.
Como reconhecimento pela sua excelente obra poética, traduzida para várias línguas, foi distinguido com vários prémios, tanto em Portugal como no estrangeiro, destacando-se o Prémio da Associação Internacional de Críticos Literários em 1986, Prémio D. Dinis da Fundação Casa de Mateus em 1988, Grande Prémio de Poesia da Associação Portuguesa de Escritores em 1989, Prémio Camões em 2001 e o Prémio de Poesia do Pen Clube Português em 2003.
Foi agraciado pelo governo Português, com o grau de Grande Oficial da Ordem de Santiago da Espada e a Grã-Cruz da Ordem de Mérito.
Destaca-se algumas das obras poéticas, tais como: As palavras interditas, Rente ao dizer, Matéria Solar, O sal da língua, Oficio da Paciência, etc.
Também foi autor de vários livros em prosa e tradutor de algumas obras de Francisco Garcia Lorca, da poetiza grega Safo, de Jorge Luís Borges, entre outros.
Nesta pequena homenagem no dia do seu nascimento, recordamos o poema:
“As palavras”
São como um cristal,
as palavras.
Algumas, um punhal,
um incêndio.
Outras,
orvalho apenas.
Secretas vêm, cheias de memória.
Inseguras navegam:
barcos ou beijos,
as águas estremecem.
Desamparadas, inocentes,
leves.
Tecidas são de luz
e são a noite.
E mesmo pálidas
verdes paraísos lembram ainda.
Quem as escuta? Quem
as recolhe, assim,
cruéis, desfeitas,
nas suas conchas puras?
José Eduardo Taveira