Maria dá um grito de pavor quando alguém lhe agarra os cabelos com violência. Aterrorizada, vê uma das freiras, que a arrasta para dentro.
– Sua espertalhona. Com que então queria fugir, a fidalga, a princesa do Orfanato queria ir passear, talvez ver as montras e fazer umas comprinhas para o enxoval! Malandra, vais já para o quarto dos castigos. Ficas lá um mês a gozar as regalias exclusivas só concedidas a fidalgas e princesas. Não vai faltar nada a sua majestade!… Vai à minha frente imediatamente, sua imbecil, sua sem-vergonha! Parvalhona, armada em esperta!
Maria olha para o cimo das escadas e vê Laurinda com um semblante comprometido.
Não resistindo ao sentimento de revolta, grita para Laurinda:
– Traidora! Traidora!
(Continua)
José Eduardo Taveira