O Prémio Camões é o maior galardão literário dedicado à Literatura em Língua Portuguesa.
Foi instituído em 1988, pelo Protocolo Adicional ao Acordo Cultural entre os Governos da República Portuguesa e da República Federativa do Brasil.
O Prémio Camões é atribuído, anualmente, a um autor de Portugal, do Brasil e dos Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa, pelo conjunto da sua obra e pelo contributo prestado ao enriquecimento do património literário e cultural do universo lusófono.
Miguel Torga (1907-1995) foi o primeiro autor galardoado com o Prémio Camões.
Palavras de Miguel Torga: “A desgraça dos verdadeiros poetas de Portugal, é que cada livro seu tem de ser desenterrado de uma avalanche diária de pseudo-poesia.”
Camões
Nem tenho versos, cedro desmedido,
Da pequena floresta portuguesa!
Nem tenho versos, de tão comovido
Que fico a olhar de longe tal grandeza.
Quem te pode cantar, depois do Canto
Que deste à pátria, que to não merece?
O sol da inspiração que acendo e que levanto,
Chega aos teus pés e como que arrefece.
Chamar-te génio é justo, mas é pouco.
Chamar-te herói, é dar-te um só poder.
Poeta de um império que era louco,
Foste louco a cantar e louco a combater.
Sirva, pois, de poema este respeito
Que te devo e professo,
Única nau do sonho insatisfeito
Que não teve regresso!
Miguel Torga, in “Poemas Ibéricos”.
Imagem: desenho de Marco Moura