A adaptação de romances para o cinema não é um conceito original, pois desde os primórdios da sétima arte que se utiliza as obras literárias para produzir filmes.
Considerando o caso português, em 1912, foi adaptada por João Tavares a obra de Camilo Castelo Branco, “Carlota Ângela”.
Durante os anos vinte, a indústria do cinema em Portugal dedica-se principalmente à adaptação de clássicos literários, convidando realizadores estrangeiros para a direcção dos projectos.
Assim:
– Georges Pallu filma em 1921 “Os Fidalgos da Casa Mourisca” de Júlio Dinis, e em 1922 faz uma adaptação do romance “ O Primo Basílio” de Eça de Queirós.
– Roger Lion realiza em 1923, o drama de Virgínia de Castro e Almeida “A Sereia de Pedra”, baseado no seu romance “”Obra do Demónio”.
– Caeltano Bonucci e Amadeu Ferrari realizam em 1949 o filme “A Morgadinha dos Canaviais”, de Júlio Dinis.
O primeiro filme sonoro produzido em Portugal e realizado por Leitão de Barros, em 1931, foi uma adaptação da obra de Júlio Dantas “ A Severa”.
A literatura e o cinema, como se prova nesta pequeníssima amostra, têm caminhos convergentes. Nem sempre o trabalho do realizador cumpre com rigor a ideia mestra do autor do romance. Mas, em compensação, a obra passa a ser duplamente imortal: em livro e em filme.
José Eduardo Taveira