António Quadros nasceu em Lisboa no dia 14 de Julho de 1923 e viveu até 21 de Março de 1993.
Foi escritor, professor universitário, filósofo, poeta e tradutor.
Nesta homenagem no dia do seu aniversário, um excerto do Livro “Fernando Pessoa – Vida, Personalidade e Génio”:
(…) “Podemos observar, na obra de Fernando Pessoa, três modos de aproximação daquele Mistério ou daquela realidade oculta que foi sempre uma presença, um desafio e uma atracção irresistível ao longo de toda a sua vida.
O primeiro é, por assim dizer, gnósico; corresponde às capacidades apreensoras do seu ser, organum sensível, que pela imaginação, pela intuição, pelo sonho, pela mediunidade, pela reminiscência anamnésica, pela permeabilidade ao inconsciente colectivo ou arcaico, ou ainda por iluminações, inspirações ou contactos de ordem mística, terá tido experiências de apercepção e de visão supranormal.
Este modo de conhecimento gnósico e de atavismo gnóstico, indissociável dos restantes porque está na sua origem e constitui o seu mais substancial alimento, é decerto contestado pela crítica numa sociedade como a nossa, fundamentando aliás facilmente a sua refutação na própria psicologia e estética de fingimento que o poeta noutros níveis reivindicou e afirmou.
Estamos convictos, porém, de que, se Pessoa foi um simulador, não foi nunca, contudo, um insincero ou um mentiroso. (…)
(…) Pessoa foi um poeta esotérico, mas jamais um poeta insincero. Nele a simulação, os heterónimos, os versos cifrados formam um sistema, onde nada é aleatório. (…)
(…) O segundo modo de aproximação do oculto é, digamos, sófico, constituindo-se como uma revelação metafísica e a posteriori, apoiada na cultura erudita. (…)
(…) Quanto ao terceiro modo, será o iniciático, onde de algum modo o poeta se desindividualiza, para assumir o saber tradicional de determinadas sociedades secretas, que se reclamam de origens históricas muito antigas.
É duvidoso que Pessoa tenha chegado a pertencer militantemente a uma sociedade maçónica, muito embora como se sabe as tenha defendido pública e polemicamente”. (…)