A TÁCTICA
Faz dias assisti a uma entrevista num canal televisivo feita por Herman José ao líder do PSD, doutor Pedro Passos Coelho. O entrevistador perguntou ao entrevistado como encarava o facto de serem as pessoas mais humildes da população que menos fogem ao pagamento dos impostos, ao que o entrevistado, prosaicamente, respondeu que assim sucede porque são esses os que menos possibilidades têm de fuga.
Quando se sabe a forma feroz que determinados países usam para dissuadir a fuga aos impostos, (caso dos Estados Unidos, entre outros), fico perplexo com a resposta. Será assim, a exemplo dos fados e dos destinos marcados nas linhas das palmas das mãos, que os mais humildes dos portugueses devem encarar a sina da pobre vida que os espera, num futuro bastante próximo, quando este senhor seguir o que está escrito nas estrelas do céu, e aparecer qual guerreiro vingativo, montado no seu cavalo de pau, com um elmo de papel de jornal, e a espada de madeira dos escravos gladiadores, libertos por César, na mão, a salvar a Pátria Lusa? Tenho dúvidas, porque a Pátria Lusa, a meu ver, (e isto é uma mera opinião pessoal), dificilmente pode salvar-se.
Isto levou-me a pensar na táctica que os deuses da política lusitana terão engendrado para se libertarem dos apertos que lhes podem advir da governação anterior, a qual, por sua vez, as herdou da anterior, ou seja, dos mesmos que se preparam agora para os substituir. É simples, como tudo o que é prático e eficiente nesta vida. Se o FMI entrar no país atempadamente, vai passar para ele a impopularidade resultante do mal-estar social que resultar de mais e maior aperto do cinto, a chamada fominha de rabo, o sacrifício da vida para salvar a Pátria ameaçada, e garantir a engorda dos sacrossantos bancos internacionais que a exploram, e a governação eleita, pura e simplesmente, lava as suas santas e puras mãos, a exemplo de Pilatos, porque, pela sua óptica, herdou uma situação.
Se acontecer assim, eu pergunto, (tanto aos que saem como aos que entram), então e nós, (como diz o nosso povo: ou há moralidade ou comem todos), os que vivem do trabalho quando o conseguem, depois de muito esmolarem para o ter, meus senhores, deuses na arte de roubar vidas, as vidas dos que nada têm e à custa dos quais os digníssimos senhores têm vivido, como vamos a ficar, para mais sabendo que o Banco Central Europeu, só espera o primeiro raio de Sol, o primeiro folgo de vida, para levantar os juros e aumentar por essa via as prestações das casas?
Pessoalmente, penso que, se num acto de coragem, nos livrarmos dos governos, ficamos bem a viver em auto-gestão…