ANTÓNIO NOBRE – Enterro de Ofélia


antonio nobre

ANTÓNIO NOBRE

(Porto, Portugal, 1867 -Foz do Douro, 1900)

Poeta

ENTERRO DE OFÉLIA

Morreu. Vai a dormir, vai a sonhar… Deixá-la!

(Falai baixinho: agora mesmo se ficou…)

Como Padres orando, os choupos formam ala,

Nas margens do ribeiro onde ela se afogou.

 

Toda de branco vai, nesse hábito de opala

Para um convento: não o que Hamlet lhe indicou,

Mas para um outro, horror! que tem por nome Vala,

De onde jamais saiu quem, lá, uma vez entrou!

 

O doce Pôr-do-Sol, que era doido por ela,

Que a perseguia sempre, em palácio e na rua,

Vede-o, coitado! mal pode suster a vela…

 

Como damas de honor, Ninfas seguem-lhe os rastros,

E, assomando no Céu, sua Madrinha, a Lua,

Por ela vai desfiando as suas contas, Astros!

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