Antero de Quental nasceu na Ilha de São Miguel, Açores, no dia 18 de Abril de 1842 e decidiu libertar-se da vida em 11 de Setembro de 1891.
Dedicou-se à poesia, à filosofia e desenvolveu uma intensa actividade política.
Estudou em Ponta Delgada e em Coimbra, na Faculdade de Direito. Aqui fundou a “Sociedade do Raio”.
Em 1866 foi viver para Lisboa e trabalhou como tipógrafo. Em Paris exerceu a mesma profissão. Dois anos depois regressou a Lisboa e liderou o “Cenáculo”, nome dado ao grupo de intelectuais que pertenceram à “Geração de 70”, tais como Eça de Queirós, Guerra Junqueiro, Ramalho Ortigão, Adolfo Coelho, Manuel de Arriaga, entre outros. O “Cenáculo” seria o embrião para as “Conferências do Casino”.
Antero de Quental foi um dos fundadores do Partido Socialista Português.
Fundou o jornal “A República”; editou a revista “O Pensamento Social”; dirigiu o jornal “O Académico-Publicação Científica e Literária” e a revista “Ocidental”. Escreveu artigos para os jornais “Diário Popular”, “Jornal do Comércio”, “Primeiro de Janeiro”.
A sua vasta obra literária é constituída pelos títulos: “Odes Modernas”, “Sonetos Completos”, “Raios de Extinta Luz”, “Primaveras Românticas”, “Beatrice”, “Fiat Lux”, “A Dignidade das Letras e as Literaturas Oficiais”, “Portugal perante a Revolução de Espanha”, “A Poesia na Actualidade”, “Tendências Gerais da Filosofia na Segunda Metade do Século XIX, “A Bíblia da Humanidade”, “Leituras Populares”. Escreveu vários opúsculos e sonetos, dos quais se destacam: “Bom Senso e Bom Gosto”; “Na Mão de Deus”, “Evolução” e “Voz Interior”, entre outros.
Em 1884, Antero de Quental encontrou-se no Palácio de Cristal, no Porto, com Eça de Queirós, Oliveira Martins, Ramalho Ortigão e Guerra Junqueiro, onde tiraram a fotografia do “Grupo dos Cinco”.
Em 1889, Columbano Bordalo Pinheiro, o maior pintor português do século XIX, pintou o retrato de Antero de Quental, que se conserva no Museu do Chiado.
Entre 1881 e 1891, Antero viveu em Vila do Conde e no edifício que habitou existe o Centro de Estudos Anterianos, que funciona como espaço de biblioteca especializada e exposições.
Antes de partir definitivamente para Ponta Delgada, o “Grupo Vencidos da Vida”, que tinha fortes ligações ao grupo “Geração de 70”, ofereceu a Antero um jantar de despedida no Café Tavares.
Para terminar esta simples homenagem a Antero de Quental no dia do seu nascimento, o soneto “Divina Comédia”.
Divina Comédia
Erguendo os braços para o céu distante
E apostrofando os deuses invisíveis,
Os homens clamam: — “Deuses impassíveis,
A quem serve o destino triunfante,
Porque é que nos criastes?! Incessante
Corre o tempo e só gera, inextinguíveis,
Dor, pecado, ilusão, lutas horríveis,
N’um turbilhão cruel e delirante…
Pois não era melhor na paz clemente
Do nada e do que ainda não existe,
Ter ficado a dormir eternamente?
Porque é que para a dor nos evocastes?”
Mas os deuses, com voz inda mais triste,
Dizem: — “Homens! por que é que nos criastes?”