A apologia do silêncio – Excerto

 Tinta preta

 

Seca-me a boca

De tanto silêncio,

De tantos gritos que ficaram

Entalados na garganta.

 

Bebo um copo de água,

A expressão inalterada

Da máquina perfeita,

Da máquina que cumpre,

Que ri quando apropriado,

Na mordaz sensatez

De ser apenas o que de si se espera.

 

Mordo as mãos

Do conformismo que me basta

Como se fosse o último dia

E não houvesse mais tempo

Para protelar a verdade.

Rasgo as letras no papel

Que se tinge de vermelho,

Matam e ferem

E logo se apagam.

 

O ser humano dura menos que um suspiro,

Frágil como um galho ao vento.

A minha mão é quanto basta

Para destruir.

 

Ana Brilha

www.intermitenciasdaescrita.wordpress.com

 

Saiba mais sobre este livro:

http://www.sitiodolivro.pt/pt/livro/a-apologia-do-silencio/9789899718821/

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