Seca-me a boca
De tanto silêncio,
De tantos gritos que ficaram
Entalados na garganta.
Bebo um copo de água,
A expressão inalterada
Da máquina perfeita,
Da máquina que cumpre,
Que ri quando apropriado,
Na mordaz sensatez
De ser apenas o que de si se espera.
Mordo as mãos
Do conformismo que me basta
Como se fosse o último dia
E não houvesse mais tempo
Para protelar a verdade.
Rasgo as letras no papel
Que se tinge de vermelho,
Matam e ferem
E logo se apagam.
O ser humano dura menos que um suspiro,
Frágil como um galho ao vento.
A minha mão é quanto basta
Para destruir.
Ana Brilha
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