MatxuPitxu – Direitos reservados… e esquerdos também…
Maria
Sou profundo, pois sou. Eu sou isto e aquilo, aquele e aqueloutro. Mudo com a lua, sei lá. Não sei ser de outra maneira! Posso ser o que quiser. Sou pedra de sal, mar d’água. Madeira da árvore e folhas. Os galhos são a minha família. As raízes nem sei de onde vêm mas também por agora pouco interessa. As folhas essas, algumas, que são poucas e que nunca chegam a cair. Como as da oliveira. Folhas duras de pequenas que são. A quem eu já peguei fogo e fiquei arrependido. Mas que secaram como da madeira ao carvão e ficaram marcadas para sempre, escritas pelo seu próprio carvão. Com história. Com a vida escrita na sua arborescência. Sou livre de o ser e também vergo com essa idade. E vergo, pois, porque o ar também tem o seu peso. Mas um peso que fica leve com a vontade. O vento é o peso da vontade. E com vontade de ser, eu sou assim. Lucidez de luz intermitente, compassada e determinada. Sou o vento e dou-o de vento em popa. Tal qual copa da árvore lá no alto, redonda de imperfeições e que abana. Estou aqui e vou aqui, porque caminhando vou ali. Se não me dirigir àquela porta
na atitude de a abrir, ela certamente não se abrirá sozinha. Se olho no espelho da vida assim bem vejo. Quando não gosto é porque não estou a ver bem. E por mais que tente lá chegar, a distância tem sempre outra metade da distância percorrida a percorrer. Há sempre mais a outra metade da distância a percorrer. E depois? Continuo. Continuo a percorrer o afastamento do ponto de partida, do espaço da existência, convicto que irei chegar ao destino. Esse é definitivamente infinito, sabendo perfeitamente que nunca se chega ao seu fim. Porque afinal o que gosto mesmo é de percorrer a textura do intervalo. Esse momento, que guardo com carinho e paixão. Paixão que vivo intensamente. E choro. Choro de alegria ao ver que cada passo que dou é mais um metro de conquista.
A conquista do comprimento que tem o amor. Aquele amor que nunca me deixa triste. Aquele amor que nunca me envergonha. Só me enaltece mais ainda. Sim, porque amo com verdade aquilo que ando a fazer. Vocês não? Não amam o que fazem? E porque não hão-de amar? Porque não hão-de também querer que a vossa vontade seja igual à minha? Ou até maior! Basta querer para ser aquilo que se quer ser ou ser o que se é. Pois então que o sejam, meus amigos. Muito obrigado por serem quem são. São vocês que me ajudam a ser assim. Bem hajam, mais uma vez, que não me cansa. Porque resistir é vencer. “Assim seja”
Isabel
Caros Amigos, distintos membros de imprensa, senhoras e senhores.
Gostaria de aproveitar esta oportunidade em nome de Pedro Nunes, o Bólice, para agradecer a todos, por se juntarem aqui neste particular evento.
Passar a mensagem é com certeza o que se quer, quando se escreve, e, principalmente quando se publica.
O Bólice descobriu este prazer há uns poucos de anos e só agora com esta idade, é que se atreveu a publicar o que pensa, sob a forma de manifesto em prosa e poesia e deu-lhe o nome de prosa pó’Ética.
É uma forma artística, um termo em figura de estilo artístico. A arte é manifesto, a arte é mensagem.
Maria
Cabelos brancos são sabedoria
Preserva-los, é personalidade
Vitalidade só tem harmonia
Quando amamos a nossa idade
Aprender a amar, nunca é tarde
Se amas, eu amo, é a verdade
Sentimento deste coração arde
Reconhece essa necessidade
Se há, duas coisas bem diferentes
Uma delas é ser velho e estragado
Outra, ser antigo mas preservado
Ambos são conceitos e são parentes
Ignorância mantém o defeito
Sabedoria merece, respeito
Isabel
A literatura é uma forma de arte e neste meu caso particular, se são muitos ou poucos os que a vão ler, ou se é má ou boa a mensagem, isso já vai além do que eu ou alguém possa julgar, ou achar que o seja. O fazer, o publicar, já são atitudes que se devem ter. Pelo menos, não nos arrependemos de o não ter feito, devendo-se para isso ter o cuidado e consciência no conteúdo e no propósito dessa mensagem. Partilhar é o principal propósito da mensagem.
Das palavras às acções, podem-se ter infinitas distâncias, ou até nenhumas. E como é que isto se compreende? Se por ventura o que escrevo o não faço, no mínimo é como o velho ditado do médico que diz ao paciente, faz o que eu te digo, mas não faças o que eu faço.
Há sempre nisto um lenga-lenga medonha e chata, mas não é por isso que se deva desistir em tentar transmitir positivamente por palavras os nossos sentimentos. É nelas que existe a eterna mensagem. Resumindo, sugiro que se tenha em conta que quando se aponta o dedo a alguém, esse dedo é virado para nós.
“Já dizia o velho ditado dos nossos avós. A culpa é sempre dos outros e os outros somos nós.”
Esta é uma verdade em que acredito. Mas toda a verdade depende do seu espaço – temporal. A memória ou seja a história guia-nos e dir-nos-á o caminho. E uma coisa é certa, a verdade, ela existe mesmo para além da nossa compreensão, o que faz dela um valor incalculável. Mas o que é verdade afinal?!
Maria
Abril de Otelo, grande parada
Rumam fileiras na grande jornada
Benditos capitães, tropas em cacho
Maia renite apagar o facho
Querida liberdade alcançada
Demite papões temendo já nada
Cravam cano, travam tiro unido
Bradam povo jamais será vencido
Logo à pátria eles submetem
Meio cavaco aponta fuzil
Encarcera companheiros d’Abril
Grande estratega todos subvertem
Acusado, apagado, é triste
Verdade não dizem, ela existe
Isabel
O sua antítese, o “falso”, também é uma verdade. Por isso tudo leva a crer que apenas a verdade é um facto consumado e o que é falso será sempre forjado doutra verdade. A prova está em que, as coisas são como são e nunca como nós as vemos ou muito menos como as queremos ver. Pois cada qual a vê na sua medida e perspectiva.
Para isso é necessário conhecimento. Para se ter conhecimento é preciso ter uma boa e acompanhada educação para uma boa formação de carácter individual. A educação é um conceito a que eu dou muita importância. Sendo eu o humano mais pequenino na terra, sinto-me um privilegiado em poder exercer esta minha vontade de pensar e comunicar, da melhor forma que sinto e sei, tentando assim dar o meu melhor.
É dando que se mostra o que se vale. Eu nem estou aqui para vos dar nada, mas sim, para vos vender um livro. Por isso neste tipo de sistema em que vivemos valho muito pouco e quem dá o melhor que tem a mais não é obrigado.
Somos todos iguais nas nossas diferenças e isso é difícil de aceitar. E assim se atribui o valor às coisas, aos conceitos e aos sentimentos.
A natureza segue uma ordem anárquica e tende sempre a equilibrar-se. Essa ordem é justa e daqui ninguém sairá vivo.
Por isso será uma ordem de ideias justa, o que aqui estou a dizer?
Romain Rolland, Francês Novelista, Biógrafo, Compositor e Musicólogo
Dizia:
“Quando a ordem é injusta, a desordem é já um princípio de justiça.”
… a isto chamo simplicidade e pureza …
por isso, não te deixes corromper
porque viver não custa
custa é… saber ver viver
mesmo que seja uma dureza
… resistir é já, vencer …
Sou um agnóstico’anarco-panteísta, por isso reservo todos os meus direitos … e os esquerdos também …
Maria
Liberdade sim, mas porquê saudade ?
quanto mais gosto de ti, é de mim
que mais sinto nesta minha vontade
de criar cá de dentro esse fim
P’los teus e p’los meus, estou na vanguarda
preparado p›ra saltar esse muro
da vida, espiral manifestada
liberdade, afincado futuro
Não sei crer, mas anseio derradeiro
que este mundo mesmo desordeiro
tem-se na forma de ser sempre certo
Eu me reservo nos direitos, canhoto
nos esquerdos, tenho o mesmo afouto
de ter essa liberdade por perto.
Pedro
É sobre estes princípios, de que se trata esta minha pequeníssima obra.
Nada dela poderá mudar os malefícios do mundo, mas pelo menos tenta ajudar a melhorá-lo.
Só quero aqui deixar mais uma ideia… uma verdade minha …
Uma grande verdade … um pensamento contundente …
… o mundo é nosso e ninguém nos deu … nós é que o, usurpamos …
ABRÇs e BJÑs B)’iL
Ficha técnica da sessão oratória:
Produção artística – Rui Jr.
Gestora editorial – Sara Coito
Alter-ego do Bólice – Maria Ceia
Narração do discurso – Isabel Guimarães
Autor dos textos – Pedro Nunes, o B)’iL