Pois, o nosso Presidente acertou no alvo, quando disparou a seta contra o mafarrico do Sócrates, o gerente das inglórias de um passado ainda presente, o homem que esteve metido (segundo o que tem vindo a lume nos jornais, nas rádios e nas televisões) em tudo o que gerou subornos, lucros fáceis, atropelos à lei, falcatruas e conveniências dos ricos.
Terá sua Excelência dito da “missa apenas a metade,” ao referir-se somente a uma pessoa? Pessoalmente penso que sim. Outras existem e continuam intocadas. É assim a política, uma coisa hilariante sempre que a abundância de dinheiro nos bolsos nos permite ignorá-la, ou uma coisa terrível sempre que o pobre e modesto cidadão tem de se sujeitar às constantes “indigestões” dos doutos e omnipotentes políticos.
No tempo do seu antecessor, o doutor Jorge Sampaio, eu morava na Damaia, concelho da Amadora. Tinha filhos no liceu. Recordo-me de muita coisa triste, em particular três situações dramáticas que me afectaram bastante, ao ponto de sentir vergonha da nacionalidade que tenho.
Uma aluna do liceu que chumbou por faltas por razões possivelmente fúteis, (dado que ninguém lhes atribuiu a importância suficiente para as investigar). A pequena vivia em terror permanente porque um vasto grupo de indivíduos de raça negra ameaçavam violá-la. Os bárbaros assaltos às pessoas de idade (recordo-me de uma velhota que foi arrastada agarrada à mala para defender a pequena reforma). E como procedeu o seu antecessor? Simples, deslocou-se ao gueto da Cova da Moura para assistir a um espectáculo circense, que lhe foi dedicado pelos moradores, ignorando ostensivamente todas os seus eleitores moradores na zona, vítimas dos assaltos, dos roubos por esticão, dos espancamentos e das violações.
Racismo da minha parte? Não, Excelência, pois tenho amigos íntimos com sangue negro. Incapacidade congénita dos governantes portugueses para gerarem consensos, dinamizarem e motivarem a convivência entre as pessoas diferentes apenas pela insignificância da cor da pele, e cobardia política por nunca seleccionarem os estrangeiros que buscam o País para viver. Apenas isso, e isso, Excelência, pode crer que é muito.
Nos tempos das ditas “vacas gordas” (era Sua Excelência primeiro-ministro), entraram diariamente no País milhões de contos. Foi a época em que vendemos à Europa os nossos parcos meios de produção. Não produzam cristais porque os nossos saem mais baratos, abatam barcos, não produzam isto, aquilo, acolá e o diabo a sete, Vossa Excelência está lembrado? Tempos bons. Não foram? Claro que sim. Sempre sobrou alguma coisita para os pequeninos, cá em baixo.
E como substituímos esses meios de produção? Simples, como na vida acontece com a maioria das coisas. Oferecemos às multinacionais benefícios de todo o tipo para se instalarem no País. E quando o País cresceu em direitos sociais e níveis salariais, e essa menor valia sofrida pelo empregador não foi acompanhada pelo aumento das regalias e isenções, o que fizeram essas multinacionais? Calmamente foram saindo progressivamente desta terra, e levando os seus meios de produção. Esta simplicidade que distingue as multinacionais! Viva o Capital, abaixo, (como sempre), o Trabalho!
Existe afinal, assim tanta diferença entre o seu tempo e o tempo do mafarrico Sócrates? Olhe que não, Excelência, olhe que não!
Mas falemos das bem-aventuranças de hoje. Estamos falidos, pois claro que sim. Governados trinta e sete anos por tal gente, que torna frágil a forte gente, outro rumo não seria de esperar.
Eu pergunto: “É possível uma Empresa ter lucros ao mesmo tempo que tem prejuízos?” “Pois é evidente que sim!” Respondo. Basta que a magia, o sortilégio da dita esperteza saloia faça o Povo, (ou o Público, como queiram), pagar os prejuízos para o privado amealhar os lucros. É fácil. É uma simples questão de varinha de condão, dessas que existem nos contos das cindarelas.
E volto a inquirir: “É possível o governo de um País com parcos meios de produção conseguir empréstimos externos com juros baixos?” E respondo: É evidente que sim. Basta que o Povo pague a tempo e horas esses empréstimos! Na verdade, na vida, as coisas são bem mais simples do que complicadas.
O nível da decência, em Portugal, é mais feito de conveniências do que de direitos. Se não, pensem um pouco. É pecado mortal não tocar nos benefícios dos que têm, mesmo sabendo que têm porque vivem à custa dos que nada têm, mas não é pecado, (muito menos mortal), retirar a quem já não se pode defender os subsídios de férias e de Natal, e, para o justificar, num programa de Opinião Pública de uma qualquer televisão, aparece um douto senhor, (professor universitário, pois então), a dizer que o sistema utilizado é igual a todos os sistemas congéneres praticados nos outros países. Será? Sinceramente, tenho dúvidas, porque não sou perito nessas matérias. Então, se as pessoas recebem uma pensão ou reforma proporcional à média ponderada dos vencimentos auferidos num determinado número de anos, tendo também em conta a carreira contributiva, e se esse valor anual assim calculado é dividido por catorze prestações, se a dado momento se lhe retira duas prestações, sem aumentar as restantes doze, não, (em linguagem corrente) se rouba a pessoa? Pois, a mim, sendo leigo, a lógica da evidência e do bom senso, diz-me que sim, que é mesmo roubo, e não sendo praticado por esticão, é tão violento como se fosse…
E assim vamos indo, neste País do Pastel de Nata, do licor Beirão, da Cofidiz, de pessoas para pessoas, que facilita a vida dos pobres e lhes permite construir piscinas e fazer férias no estrangeiro; também, e porque não, da Bola de Berlim com creme e, ultimamente, também da Alheira, produto alimentar, ao que sei, inventado pelos hereges judeus, que, por não serem Cristãos, não foram considerados portugueses e foram expulsos de Portugal.
Depois destes desabafos vou terminar, mas antes deixem que lhes lembre duas ou três coisitas para meditarem. Uma, é que, sendo o português a sexta língua mais falada no mundo, em Portugal somos apenas, ao que sei, dez milhões, e os restantes quinhentos e noventa milhões estão em todo o lado menos na Europa. Pouco ou nada temos a ver com esta triste Europa.
Outra, lendo os Pensamentos de Adolfo Hitler, fico a saber que ele dizia qualquer coisa como: “Mesmo que percamos a guerra, um dia a Alemanha vai dominar economicamente a Europa.”Parece-me que estamos à porta desse dia.
E por ultimo, por muito bem que se brinque ao FAZ DE CONTA, nunca este tipo de políticos podem conduzir a bom porto este País…
José Solá
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