
Num dia em que se celebra e lembra o amor fui falar do “Diário de uma paixão monologada” a jovens que se encontram agora a descobrir, ou a redescobrir à sua maneira, o que é isto de amar outra pessoa, coisa difícil, intrincada, para que nem os nossos pais nos sabem dar manual de instruções.
Quanto a mim, o amor é indecifrável, é algo que não explica, não se decanta, não se racionaliza. Existe ou não, demonstra-se ou não, consoante o espírito que o sente seja mais ou menos afoito.
Ficou-me a pergunta de se já não se ama como antigamente, no tempo em que os poetas perseguiam as musas e elas se deixavam desmaiar, ou apanhar, nos braços dos poetas.
O amor é o mesmo, nós é que somos outros. Esquecemo-nos de respirar, de parar, de sentir o instante, de ficar nesse abraço que esquece lá fora o frio e a vida e as rotinas e as preocupações do trabalho e dos relatórios que ficaram por fazer e por entregar.
Apesar de todos os dias, cada dia da nossa vida, ser um propósito para relembrar ao outro que o amamos e que o escolhemos como companheiro de vida e de aventuras, ao menos hoje, esqueçam o relógio e lembrem esses primeiros instantes de enamoramento que estão lá, sempre que os quisermos evocar.
Ana Brilha