ALMEIDA GARRETT nasce no Porto a 4 de Fevereiro de 1799 e vive até 9 de Dezembro de 1854.
Por razões políticas, a sua família é obrigada a refugiar-se nos Açores, durante a segunda invasão francesa, que entrou em Portugal por Chaves, seguindo-se a ocupação da cidade do Porto. Assim, a sua adolescência é passada na Ilha Terceira, onde entra para a Ordem de Cristo, na qual recebe uma rigorosa educação religiosa.
Quando regressa a Portugal, frequenta Direito na Universidade em Coimbra. Nesta cidade organiza uma loja maçónica, que obterá muitas aderências dos alunos da Universidade.
Participa na revolução de 1820. É dirigente estudantil.
O golpe militar de D. Miguel, em 1823, conhecido como a Vilafrancada, põe fim à primeira tentativa liberal em Portugal. Garrett exila-se em Havre. Mais tarde vai até Paris.
Muitas peripécias na sua actividade política obrigam-no a viajar e desenvolver diversas actividades, quer exercendo cargos políticos ou na oposição. É considerado um dos melhores oradores portugueses e um acérrimo opositor ao Cabralismo (Costa Cabral).
Em conjunto com mais de cinquenta personalidades, subscreve o protesto contra a proposta sobre a Liberdade de Imprensa, vulgarmente designada por “lei das rolhas”.
Com o fim do Cabralismo Garrett regressa à vida política e é eleito deputado. Desempenha o cargo de ministro dos Negócios Estrangeiros. É agraciado com o título de Visconde e Par do Reino.
É de sua iniciativa a organização da Inspecção-Geral dos Teatros, a edificação do Teatro D. Maria II e a criação do Conservatório de Arte Dramática e do Panteão Nacional.
Em relação à sua profícua actividade literária é impossível neste pequeno texto destacar o imenso espólio composto por peças teatrais, romances, poesias, artigos, ensaios, biografias, etc. de um escritor que é uma das maiores figuras do romantismo português.
No entanto não é possível deixar de salientar a grande obra-prima, Frei Luís de Sousa. Otto Antscherl, um reputado crítico alemão, classificou-a como a obra mais brilhante que o teatro romântico produziu.
Viagens na minha Terra, foi outro dos mais belos livros que escreveu.
A seguir um excerto desta obra:
“Formou Deus o homem, e o pôs num paraíso de delícias; tornou a formá-lo a sociedade, e o pôs num inferno de tolices. O homem — não o homem que Deus fez, mas o homem que a sociedade tem contrafeito, apertando e forçando em seus moldes de ferro aquela pasta de limo que no paraíso terreal se afeiçoara à imagem da divindade — o homem assim aleijado como nós o conhecemos, é o animal mais absurdo, o mais disparatado e incongruente que habita na terra.”
José Eduardo Taveira