Direitos adquiridos
COMO CIDADÃO, NÃO SEI QUAIS SÃO OS MEUS DIREITOS ADQUIRIDOS
Alguém desse lado, importa-se de me explicar do que se trata? É que, no que me toca, sinceramente não faço a mínima ideia do que falam. Sei sim que trabalhei cinquenta e um anos, e que, ao longo desse tempo, eu e os empregadores descontámos para a Segurança Social uma percentagem considerável dos meus salários; e sei que, nos últimos vinte e cinco anos de carreira, os descontos por vezes atingiram, no seu conjunto, montantes superiores aos sessenta por cento, valor que, em qualquer país civilizado, seria suficiente para me garantir, em caso de necessidade, todo e qualquer tipo de assistência, o que nunca aconteceu no meu país. O que eu, na verdade reconheço, é que, a dado momento, fui submetido a três intervenções cirúrgicas sem que o Estado desembolsasse um cêntimo, e também sei que, ao servir o Estado por quatro anos, na época dita revolucionária, o dito não desembolsou um cêntimo em descontos, o que provoca uma falha de quatro anos na minha carreira contributiva, com a consequente quebra das regalias a que, eventualmente, teria direito. Também me reconheço na condição de vítima de assalto, a partir da data em que, sem a mínima lógica que a razão consiga aceitar, me foi roubado um valor considerável na minha pensão de reforma, privando-me de contribuir para o apoio a familiares desempregados.
MAS QUE TEMOS PESSOAS COM DIREITOS ADQUIRIDOS; LÁ ISSO TEMOS.
É COMO NO CASO DAS BRUXAS; NÃO ACREDITO NELAS; MAS LÁ QUE EXISTEM, EXISTEM MESMO.
É o caso. Um conhecido meu de há largos anos, tem uma modestíssima pensão de sobrevivência, (exactamente, 250,00 euros por mês); valor insuficiente que não lhe garante a subsistência. Só que, a pessoa em causa, nunca contribuiu para o Estado, ao longo de setenta e seis anos de existência, com um mísero cêntimo. É obra. Mesmo os técnicos da Segurança Social que trataram do caso ficaram perplexos.
No caso de uma senhora, que não trabalhou, mas que criou filhos válidos para a sociedade, agora um homem, com duas pernas, dois braços, uma cabeça que pensa, e ainda por cima saudável, dá que pensar! Mas é um facto da nossa vida real.
Não me vejam, por favor, como alguém insensível. Sou consciente e solidário com todas as pessoas deficientes, impossibilitadas para a tarefa digna do trabalho. Quanto a esses sim. Estes, nunca.
Temo que o tão apregoado Estado Social de que tanto se fala, não seja mais do que um edifício construído à custa do esvaziamento sistemático dos bolsos da classe média, à qual me sinto honrado em pertencer, e em particular à custa dos seus reformados, gente que, aparentemente, já é incapaz de se defender; digo aparentemente porque, na verdade, ainda uns quantos de nós detemos genica na dose necessária para fazer o que for preciso, em prol da sociedade e do País, como sempre, e em todos os quadrantes do Saber; como militantes e activistas, como combatentes por uma causa justa, como gente válida que sabe pensar. Nunca, senhores mandantes dos Partidos a que chamo “O Trio das Mentiras”nos vejam como esmolares ou velhos decrépitos, inválidos e indefesos! É exactamente o contrário. Pelo que me diz respeito, ainda funciono bem sobre stress, ainda sou criativo, com capacidade de chefia, com capacidade para mobilizar e definir estratégias.
Um pouco de bom senso e de respeito, o que, afinal, é bem pouco para oferecer aos que, com o esforço e o engenho da gente de bem, foram empreendedores o bastante para, com esforço digno de gigantes, suportarem uma guerra injusta, edificarem uma Pátria, acreditarem, educarem filhos fazendo deles gente de bem e qualificados para a vida e, agora, perante um exército no quente dos quartéis, tolhido de frio, e, quem sabe, de outras coisas, ainda consigam manter a Dignidade Nacional.
José Solá
Manifesto de responsabilidade
Os artigos e os respectivos conteúdos publicados neste blogue são da exclusiva responsabilidade dos seus subscritores e não vinculam de forma alguma o Sítio do Livro.
Este blogue está dedicado exclusivamente à livre participação pelos autores que publicam livros por intermédio do Sítio do Livro, o qual não exerce qualquer moderação ou interferência nos artigos aqui publicados.
Assim mesmo, pede-se aos participantes que, para não se desvirtuar o intuito do blogue, se atenham a temas do mundo dos livros e dos autores, da literatura ou, mais em geral, culturais.
SitiodoLivro.pt-
ou via feeds RSS
Quer publicar um livro?
Quem já publicou connosco
-
Artigos Recentes
- Obras de arte e de utilidade, que hoje servem para ver em qualquer Museu.
- Depois da Vela Apagada
- O Último Oleiro
- RÓMULO DUQUE
- Queria candidatar-me ao plano nacional de leitura 2020 se faz favor
- Um animal um tanto talentoso
- Como o livro “Uma lógica causa-efeito” se está aproximando do razoável
- Uma libelinha em desespero
- Nos caminhos do ser Humano (III)
- Nos caminhos do ser Humano (II)
- Convite
- “Nos Caminhos do Ser Humano”
- VOLTAIRE – Tratado sobre a Tolerância
- JOÃO VILLARET, ANTÓNIO BOTTO E FERNANDO PESSOA
- STEPHEN CRANE – É boa a guerra
Comentários Recentes
- Agnes Otzelberger em A grande mãe ( de Danilo Pereira )
- José Eduardo Taveira em AUGUSTO ABELAIRA – O Triunfo da Morte
- Matheus Santos em AUGUSTO ABELAIRA – O Triunfo da Morte
- Dominic Benton em Dois poemas…
- Elisa em AS REDACÇÕES DO CARADANJO
- romuloduque em Queria candidatar-me ao plano nacional de leitura 2020 se faz favor
- Pedro Machado em GAGO COUTINHO E SACADURA CABRAL – Primeira travessia aérea do Atlântico Sul
- Engrácia Rodrigues em Um animal um tanto talentoso
- Ariane em O milagre de Eir ( de Danilo Pereira )
- VOLTAIRE – Tratado sobre a Tolerância — Blogue dos Autores | O LADO ESCURO DA LUA em VOLTAIRE – Tratado sobre a Tolerância
- ERNEST WIECHERT – ‘FLORESTA DOS MORTOS’ – O testemunho sobre o terror nazi — Blogue dos Autores | O LADO ESCURO DA LUA em ERNEST WIECHERT – ‘FLORESTA DOS MORTOS’ – O testemunho sobre o terror nazi
- rosalinareisgmailcom em Gestão de Existências e Apuramento de Custos, de Rosalina Reis
- EUGÉNIO DE ANDRADE – Último Poema – Filipe Miguel em EUGÉNIO DE ANDRADE – Último Poema
- FERNANDO PESSOA – Como a noite é longa! – Filipe Miguel em FERNANDO PESSOA – Como a noite é longa!
- Poema de JOSÉ TERRA dedicado a MATILDE ROSA ARAÚJO – Descoberta — Blogue dos Autores | O LADO ESCURO DA LUA em Poema de JOSÉ TERRA dedicado a MATILDE ROSA ARAÚJO – Descoberta
Categorias
- eventos (6)
- Notícias (10)
- Notícias, eventos (43)
- Novidades, lançamentos (54)
- Opiniões (11)
- Opiniões, testemunhos (98)
- testemunhos (7)
Arquivo
- Setembro 2022 (1)
- Junho 2022 (3)
- Dezembro 2019 (1)
- Julho 2019 (1)
- Maio 2019 (1)
- Maio 2018 (1)
- Abril 2018 (4)
- Março 2018 (4)
- Fevereiro 2018 (7)
- Janeiro 2018 (5)
- Dezembro 2017 (10)
- Agosto 2017 (3)
- Maio 2017 (1)
- Fevereiro 2017 (2)
- Janeiro 2017 (1)
- Novembro 2016 (3)
- Outubro 2016 (5)
- Junho 2016 (1)
- Maio 2016 (3)
- Abril 2016 (2)
- Março 2016 (1)
- Fevereiro 2016 (1)
- Janeiro 2016 (3)
- Outubro 2015 (1)
- Setembro 2015 (2)
- Agosto 2015 (5)
- Julho 2015 (1)
- Junho 2015 (9)
- Maio 2015 (7)
- Abril 2015 (27)
- Março 2015 (8)
- Fevereiro 2015 (3)
- Dezembro 2014 (2)
- Novembro 2014 (1)
- Outubro 2014 (3)
- Setembro 2014 (4)
- Agosto 2014 (4)
- Julho 2014 (2)
- Junho 2014 (5)
- Maio 2014 (9)
- Abril 2014 (10)
- Março 2014 (19)
- Fevereiro 2014 (36)
- Janeiro 2014 (4)
- Dezembro 2013 (5)
- Outubro 2013 (8)
- Setembro 2013 (4)
- Agosto 2013 (1)
- Julho 2013 (4)
- Junho 2013 (5)
- Maio 2013 (15)
- Abril 2013 (19)
- Março 2013 (13)
- Fevereiro 2013 (20)
- Janeiro 2013 (23)
- Dezembro 2012 (19)
- Novembro 2012 (24)
- Outubro 2012 (30)
- Setembro 2012 (26)
- Agosto 2012 (32)
- Julho 2012 (27)
- Junho 2012 (41)
- Maio 2012 (47)
- Abril 2012 (39)
- Março 2012 (38)
- Fevereiro 2012 (45)
- Janeiro 2012 (56)
- Dezembro 2011 (38)
- Novembro 2011 (56)
- Outubro 2011 (83)
- Setembro 2011 (54)
- Agosto 2011 (38)
- Julho 2011 (43)
- Junho 2011 (50)
- Maio 2011 (43)
- Abril 2011 (10)
- Março 2011 (8)
- Fevereiro 2011 (9)
- Janeiro 2011 (16)
- Dezembro 2010 (4)
- Novembro 2010 (7)
- Outubro 2010 (5)
- Setembro 2010 (2)
- Agosto 2010 (4)
- Julho 2010 (4)
- Junho 2010 (6)
- Maio 2010 (2)
Os nossos bloggers
- antoniapalmeiro
- araujosandra
- catiapalmeiro
- Clemente Santos
- cmanuelsimoes
- Cristina Rodo
- danarts
- danielsmile15
- Armando Frazão
- dulcerodrigues
- fernandojer
- gilduarte
- inesartista
- Intermitências da escrita
- jacques miranda
- José Guerra
- José Eduardo Taveira
- jsola02
- Lou Alma
- luizcruz1953
- macedoteixeira
- maria joão carrilho
- Marifelix Saldanha
- martadonato
- modestoviegas
- mpcasanova
- nunoencarnacao
- Nuno Gomes
- oflmcode
- orlandonesperal
- paulopjsf
- Pedro Nunes o B)'iL
- projectosos
- ritalacerda
- rodrigolvs
- Rómulo Duque
- rosalinareisgmailcom
- saalmeida
- SitiodoLivro.pt
- taniamarques241
- vanessaoleal
- vpacheco44
- withinthegalaxy
As últimas publicações
Ligações que recomendamos
Os nossos Autores
Os nossos e-books
Todas as nossas publicações
Li, com atenção, o desabafo do Sr. José Solá (pseudónimo?) e devo confessar que o mau caso é semelhante ao dele, quanto a cortes na pensão, negação do mês de férias e do subsídio de Natal. Trabalhei (ou melhor trabalho) desde os meus 7 anos, tendo sido 4o anos para o Estado, com descontos para a Caixa de Previdência durante 40 anos sucessivos. Sei que o país está à beira da banca rota, como se diz da Grécia, mas isso não é verdade porque o actual governo continua a encaixar muitos boys em lugares de destaque, onde os euros correm aos milhões. Não compreendo por que se mente ao Povo, tendo-se prometido uma coisa e faz-se outra e usa-se da arrogância e prepotência para quem deu o seu melhor durante décadas sucessivas. Eu sabia que,se vencessem os partidos da Direita, Portugal passaria um mau bocado, mas nunca imaginei que as coisas tomassem tal catástrofe. Portugal está à venda e o futuro não é promissor. O Sr. José tem muita razão, como a têm milhões de passoas que morrem de frio, fome e falta de dignidade. Acusam o governo anterior, mas quando estes estavam de fora não levantaram a voz para avisar a Nação de que estávamos a afundar na mda. do Estado Novo. É certa que Salazar nunca desceu tão baixo no desprezo do povo que trazia acorrentado desde 1926. Por vezes penso que vivemos num país surreal, ligado a um passado que deveríamos dispensar de sofrer
Para si e os demais leitores a minha solidariedade e esperança num Mundo menos cão.
GostarGostar
Amigo:por lapso não lhe respondi na altura! Desculpe! É minha obrigação, (como pessoa de bem que me julgo), defender a todo o custo o trabalho, (que foi o que fiz durante cinquenta e um anos), e que, na verdade, é a minha vida, quer como técnico, ou como escritor; desculpe este atraso. Obrigado pelo seu comentário!
GostarGostar