Sabe, Excelência:

Os desempregados deste País (setecentos mil, segundo os números oficiais, que, ao certo, ninguém sabe quantos são), essas pessoas que desesperam e passam fome, que vêm os filhos sofrer, gente sem futuro, os que trabalham ainda e temem perder o emprego, os mais esclarecidos e academicamente bem preparados, que os senhores com todo o gosto escorraçam do País, os que todos os dias perdem um pedaço da sua legitima Identidade como cidadãos, porque Suas Senhorias lhes vendem a ortografia para fazerem dinheiro fácil, em fim, todos nós, os gladiadores que, nesta arena ensanguentada erguem aos céus as espadas e gritam: Salve César! Os que vão morrer te saúdam! Todos nós, repito, sempre que Sua Excelência, de cima do seu pedestal, do qual nos olha, reflecte sobre questões de reformas, têm obrigação de o venerar e aplaudir. É que Vossa Senhoria desmascara o sistema. Sem se dar conta, (penso).
Neste nosso mundo, que se quer assim, incivilizado, eternamente queixoso, e profundamente ignorante, apenas os ratos o detestam. É que toda a sociedade da rataria se revia e se escondia em si, por baixo do seu avental maçom ou acobertados sob o seu manto Opus Dei. Conselheiros de Estado e ex-deputados que enriqueceram a servirem-se do sistema, Presidente de uma certa e bem conhecida Região Autónoma, onde o rega-bofe da falcatrua tudo indica que tem força de lei. A ilegalidade de poderosos grupos económicos que viveram e exploraram o sistema até ao tutano; e apenas nós, os minúsculos e insignificantes cidadãos, aqueles que se espantam com despesas de sessenta mil euros para gastos sumptuários com decorações de gabinetes de Estado, que se querem por princípio austeros, limpos, arejados, e bem desinfectados, para afastar de forma cabalística, (que a limpeza e asseio representa), os parasitas indesejáveis, apenas e somente nós, finalmente entendemos, e por isso lhe estamos gratos. Bem-haja, Excelência!
Pessoalmente, sempre o comutei com a orquestra do paquete Titanic.
É que, enquanto o barco mergulha a pique no abismo, Vossa Excelência toca o seu violino…
José Solá

Sobre jsola02

quando me disseram que tinha de escrever uma apresentação, logo falar sobre mim, a coisa ficou feia. Falar sobre mim para dizer o quê? Que gosto de escrever, (dá-me paz, fico mais gente), que escrever é como respirar, comer ou dormir, é sinal que estou vivo e desperto? Mas a quem pode interessar saber coisas sobre um ilustre desconhecido? Qual é o interesse de conhecer uma vida igual a tantas outras, de um individuo, filho de uma família paupérrima, que nasceu para escrever, que aos catorze anos procurou um editor, que depois, muito mais tarde, publicou contos nos jornais diários da capital, entrevistas e pequenos artigos, que passou por todo o tipo de trabalho, como operário, como chefe de departamento técnico, e que, reformado, para continuar útil e activo, aos setenta anos recomeçou a escrever como se exercesse uma nova profissão. Parece-me que é pouco relevante. Mas, como escrever é exercer uma profissão tão útil como qualquer outra, desde que seja exercida com a honestidade de se dizer aquilo que se pensa, (penso que não há trabalhos superiores ou trabalhos inferiores, todos contribuem para o progresso e o bem estar do mundo), vou aceitar o desafio de me expor. Ficarei feliz se conseguir contribuir para que as pessoas pensem mais; ficarei feliz se me disserem o que pensam do que escrevo… José Solá
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