A partir de um sonho, que não passou esquecido quando o dia nasceu, os Sonhos da Atlântida nasceram e cresceram. Ainda não tinham nome na altura, mas rapidamente tomaram uma forma muito concreta, com muito mais corpo e peso que qualquer outra estória que tenha imaginado antes.
O enredo foi construído da frente para trás. O sonho deu a inspiração para algumas peripécias e dificuldades, mas principalmente para a parte já quase final da estória.
E também a relação entre algumas das personagens obrigatórias (mas não a sua forma), o mote mais místico que surge e a possiblidade de nem tudo correr mal quando tudo parece perdido. Só precisamos de mudar a nossa percepção do que nos rodeia.
Depois das notas se tornarem insuficientes para colocar no papel todas as ideias, relações e contextos que brotavam, não sei bem de onde, com um vigor impressionante, acabei por decidir planear apenas as milestones da aventura, para não perder a orientação, e começar a escrever o texto em si.
Mas… quando se entra em mundos novos, raramente as coisas são como se espera!
A necessidade de investigação surgiu de imediato na sequência de querer tornar o texto verosímil, algo que os leitores conseguissem apreender como uma realidade plausível. A ideia era fazer crescer a outra parte, menos convencional, gradualmente, só depois da estória já estar bem contextualizada.
Precisei de muito mais conhecimentos do que tinha sobre arqueologia, sobretudo arqueologia subaquática, sobre mergulho e técnicas de mergulho avançado, sobre civilizações e escritas antigas… e sobre os Açores.
Descobri que escrever sobre um local que não se conhece é muito difícil. Por muitas fontes que lêsse, por muitas opiniões que procurasse, é um sítio real, que existe e qualquer coisa que escrevesse sobre os Açores nessa situação soava-me falso.
Considerando a estória já alinhavada, as fontes que tinha à mão e o facto de ir aos Açores de imediato ser impossível, só tinha duas escolhas: ou adiava o início da escrita ou começava no meio, depois da passagem pelos Açores.
Bem, adiar a escrita pareceu-me impossível na altura!
E quem disse que isto é sobre a Atlântida ou sobre os Atlantes? Continuo sem poder dar certezas sobre isso. Só a Veronica é que disse tal coisa!
Na estória final pode dizer-se que pouco há daquele sonho, quase apenas a semente. “Apenas”.
Sim, fui aos Açores. Só depois terminei o último capítulo, voltando então ao início para escrever os primeiros, ainda em falta.