A águia acordou num local escuro e húmido.
Diante de si, três sombras se moviam. Concentrou nelas o seu olhar penetrante. Eram o chacal, a tartaruga, o crocodilo.
«Quem diria», pensou, «quem diria que acertei em cheio naqueles de que suspeitava? Sempre achei que podia ser o chacal… ou a tartaruga, o animal mais idiota (só pela estupidez de usar uma bomba que não explodiu)… ou, claro, o crocodilo. Só não pensei que pudessem ser os três juntos…»
«Está viva», soprou o chacal. «Bom dia, grande detective. Como se sente?»
«Muito bem», retorquiu ironicamente a águia. «Parece que sobrevivi ao vosso atentado…»
«Ao nosso… ao NOSSO atentado!?», espantou-se o chacal. «Que ingratidão, realmente. Nós assistimos a tudo. A sua sorte foi que nenhum dos três se encontrava longe. Viemos socorrê-la…»
Diacho! Teria perdido os seus suspeitos? Estariam inocentes?
Nessa altura, ouviram gritos vindos de fora:
«Mataram o rei! Mataram o rei! Mataram o rei! Mataram o rei!»
Gil Duarte, que vem escrevendo esta fábula negra, é autor do romance Nada Mais e o Ciúme. Clique aqui, para se informar:
http://www.sitiodolivro.pt/pt/livro/nada-mais-e-o-ciume/9789899712201/