“Seja qual for a Mudança, esta é sempre um processo complexo que aumenta com o âmbito e profundidade da mesma. Toda a Mudança requer muita inteligência, dedicação, empenho, persuasão e lideranças adequadas.
O objetivo deste texto não está relacionado com as mudanças organizacionais, que apesar de importantes, grande parte das vezes não estão focadas nas Pessoas.
Quando pretendemos induzir uma mudança que necessita da adesão, ‘alinhamento’, sincronismo, vontade e motivação de Pessoas a complexidade aumenta com o número de elementos envolvidos e com a dimensão dessa MUDANÇA. Em grande parte, esta complexidade é devida ao facto de estarmos a interagir com Seres inteligentes e emocionais, com uma personalidade e cultura próprias, que por si sós são capazes de produzir mudanças em cadeia, usando a sua criatividade. Significa que os critérios a ter em consideração são muito maiores e mais significativos para uma mudança efetiva.
É consensual afirmarmos que para se produzir efetivamente uma mudança orientada para o Futuro, esta tem de ser maior que a resistência que é gerada.
Assim, se representarmos a Mudança como a multiplicação de vários fatores [ I x V x P x L ] > R onde I significa Insatisfação com o status quo; V significa Visão de um positivo estado Futuro; P significa Primeiros Passos na direção da Visão; L significa a Liderança de todo o processo; e, R significa Resistência à mudança (Kathy Macdonald in ‘Experience Economy’).
Por outras palavras, a Mudança a ser produzida pela Insatisfação das Pessoas com uma Visão positiva, capazes de dar os Primeiros Passos em direção ao Futuro com uma Liderança criativa (fatores multiplicativos), tem de ser maior que a Resistência a ela, que será gerada cada vez com maior intensidade, à medida que esta começar a tomar forma.
Convém lembrar que estou a falar de Mudanças efetivas de paradigmas e não de pequenas alterações ou transições previsíveis de estado. As Mudanças naturais, resultantes de alterações fisiológicas normais, ou relacionadas com transição de ritmos vitais normais, não estão incluídas neste processo mencionado anteriormente.
Todas as Mudanças de paradigma produzidas pelo Homem, devem ter em consideração o Fator Humano na sua verdadeira dimensão, caso contrário são agressões e/ou imposições. Por outro lado, devemos ainda ter em consideração que os processos de mudança terão de representar uma melhora sensível para uma maioria significativa de condições vitais das Pessoas da Comunidade a que se destinam, caso contrário não constituirão fator motivacional de adesão.
Estes tipos de Mudanças são processos inteligentes, justificáveis e resultantes da vontade inabalável dos Homens. Resultam de evidências científicas, culturais ou de justiça.
Outros casos poderão acontecer de um modo mais brusco e inesperado, como um ‘salto quântico’, que obrigarão a profundas alterações da vida das Pessoas, a adaptações e modificações culturais. São os casos de catástrofes naturais ou artificiais, revoluções, pandemias e fenómenos astronómicos.
É por esta razão que defendo, com toda a sinceridade e identificação do meu Ser, que as Pessoas devem Despertar para as ‘realidades’ do Futuro, sobretudo aquelas que a sua capacidade coletiva tem possibilidade de construir, para acabar de vez com as insatisfações constantes fora do seu controlo.
“Seja como for, a grandiosa revolução humana de uma única pessoa irá um dia impulsionar a mudança total do destino de um país e, além disso, será capaz de transformar o destino de toda a humanidade.” – Daisaku Ikeda.
Estou a lembrar-me de algumas grandes personalidades, Líderes dos seus Povos, que correspondem por inteiro a esta citação; Nelson Mandela, Martin Luther King, Mahatma Gandhi e Franklin D. Roosevelt (todos Líderes do século XX). Todos eles intrinsecamente Líderes Humanistas, amados pelos seus seguidores. Que Líderes Humanistas se estão a perfilar no século XXI?
“A verdadeira revolução não é revolução violenta, mas a que se realiza pelo cultivo da integração e da inteligência de entes humanos, os quais, pela influência de suas vidas, promoverão gradualmente radicais transformações na sociedade.” – Jiddu Krishnamurti
É fundamental que considerem evidente, os elementos de mudança profunda que lhes mencionei, pois estes são os elementos essenciais para uma mudança de paradigma. Mas não deixem de refletir sobre a contribuição para uma mudança efetiva da vossa parte, em consonância com os seus pares.
O que constatamos, seja no presente, seja ao longo da história da Humanidade, é um sofrimento constante dos Seres Humanos provocado por erros cometidos por Líderes desfocados do sentido da vida, que se refletem na maioria das Pessoas, seja por descontrolos emocionais e racionais que conduzem a ações coletivas violentas (guerras, perseguições, escravatura, etc.), seja por má gestão e má organização da Sociedade, coadjuvado por um deficiente processo educativo (racional e emocional), que conduz a um sentir individualizado, negativo e profundo (depressão, ansiedade, consumo de drogas, suicídio, fome, pobreza, doença) com reflexos igualmente profundos no coletivo. Estes maus processos desvirtuam o Ser Humano do verdadeiro sentido da vida.
Na grande maioria das vezes, as Pessoas são ‘forçadas’ a sair do seu ritmo natural de vida para se adaptar e seguir um ritmo que lhes permita ter o que mais desejam, na ilusão de que o TER resolve as questões do SER da sua vida, conduzindo-os a um estado de felicidade e individualismo dissociados do Futuro Coletivo. Mas o mais importante é que os estados de felicidade individualizados sejam intrínsecos e não resultantes de qualquer apêndice externo. Não é por acaso que vemos ‘crescer’ atitudes e comportamentos desequilibrados de um sentido coletivo (egoísmo, ganância, corrupção, agressividade social, etc.).
Estou de acordo com o filósofo Jiddu Krishnamurti quando afirmou que “o problema coletivo é o problema individual”. Mas ‘O ideal de Cidadão é sentir-se participante da sociedade, com uma visão abrangente que alcance toda a humanidade, todos os povos, todo o planeta.’ – Ulisses Riedel (‘Por uma sociedade mais justa’).
Meus caros Leitores já se questionaram (p.e., nos últimos 50 anos) sobre os verdadeiros objetivos dos Líderes, nas mudanças de paradigmas que aconteceram neste período de tempo?
Já refletiram sobre as grandes mudanças arquitetadas, realizadas e a que Futuro nos conduziram? Este processo de reflexão retrospetiva é fundamental para poderem avaliar Futuras mudanças propostas por novos Líderes.
Por que não participam consciente e ativamente no debate das ideias sobre o Futuro de matérias fundamentais para o Ser Humano, como Água, Energias limpas, Alimentação, Justiça Social, Saúde? Afinal de contas são matérias que estão sendo transpostas para o Futuro, na grande maioria dos casos, sem mudança de paradigma.
Onde pensa que está a responsabilidade? Nos Líderes que nos conduzirão ao Futuro? Ou, em Você, que não se interessou, não participou com ideias nem com o seu ato de Cidadania?
“Seja a mudança que você quer ver no mundo.” – Dalai Lama
“Temos de nos tornar na mudança que queremos ver.” – Mahatma Gandhi
É este DESPERTAR que tem de acontecer em cada um de nós, Cidadãos do mundo, constantemente insatisfeitos com o que se passa à nossa volta em direção ao Futuro, e, que na grande maioria das vezes estamos tão preocupados com o AGORA e o supérfluo que nem damos conta que estamos a ser encaminhados num sentido sem Futuro Humano.
Já se questionou por que razão existem em todo o mundo cerca de 29 milhões de Pessoas sujeitas a escravidão Humana (trabalho forçado; tráfico humano; trabalho servil derivado de casamento ou dívida; exploração sexual; exploração infantil)? Por que razão não contribuímos nós como Sociedade, para esta mudança de paradigma negativo?
Provavelmente, deveríamos dar maior peso aos Valores Humanos, a uma Educação com qualidade e ao poder que nós TODOS temos para mudar uma Sociedade, que às notações financeiras que classificam os Países, as Empresas e as Pessoas como ‘lixo’, condicionando o seu verdadeiro Futuro a um futuro de Humanidade muito duvidosa.
Alfredo Sá Almeida 14 de Março de 2014