Ana Hatherly nasceu no Porto a 8 de Maio de 1929.
Professora, escritora, poetisa, ensaísta, tradutora, investigadora e artista plástica, licenciou-se em Filologia Germânica pela Universidade Clássica de Lisboa e doutorou-se em Estudos Hispânicos na Universidade da Califórnia, em Berkeley.
Leccionou na Escola de Cinema do Conservatório Nacional e no AR.CO, em Lisboa. Foi professora catedrática da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa. Diplomou-se em Cinema, pela London Film School.
Em 1960 iniciou a carreira de artista plástica. Realizou inúmeras exposições individuais e colectivas, em Portugal e no estrangeiro, tais como: Bienal de Veneza, Bienal de S.Paulo, Museu do Chiado, Casa de Serralves, Fundação Gulbenkian, etc.
Entre 1960 e 2002, Ana Hatherly produziu mais de 200 trabalhos.
Encetou o seu percurso literário em 1958, com a publicação do livro de poesia intitulado “Ritmo Perdido”.
Produziu uma extensa obra poética e ensaística. Integrou o grupo da Poesia Experimental Portuguesa, nas décadas 60 e 70. Dedicou-se à Poesia Visual e ao Barroco, como corrente literária.
Fundou as revistas “Claro-Escuro”, dedicada a estudos barrocos e “Incidências”. Foi directora-adjunta da revista literária “Loreto 13”.
Da sua bibliografia, destacam-se, aleatoriamente, as seguintes obras: “Rilkeana”; “O Pavão Negro”; “As Aparências”; “Sigma”; “Eros Frenético”; “O Cisne Intacto”; “Tisanas”; “O Mestre”; “Poemas em Língua de Preto dos Séculos XVII e XVIII”; “A Casa das Musas”; “Poesia Incurável”; “Ladrão Cristalino”, etc.
Tem parte da sua obra representada em várias antologias.
Foi tradutora de livros franceses, italianos, ingleses e espanhóis.
É membro da Direcção da Associação Portuguesa de Escritores e presidente do P.E.N. Clube Português e da Comissão para a Tradução e os Direitos Linguísticos do P.E.N. Club Internacional.
Recebeu vários prémios, tais como: “Grande Prémio de Ensaio Literário da Associação Portuguesa de Escritores”; “Prémio de Poesia do P.E.N. Clube Português”; “Prémio de Poesia Evelyne Encelot”, em França; “Prémio Hannibal Lucic”, na Croácia; “Prémio da Crítica” da Associação Portuguesa dos Críticos Literários; “Medalha de Mérito Linguístico e Filológico Oskar Nobiling”, da Sociedade Brasileira de Língua e Literatura do Rio de Janeiro.
Do seu livro “Um Calculador de Improbabilidades”, o poema:
Esta Gente/Essa Gente
O que é preciso é gente
gente com dente
gente que tenha dente
que mostre o dente
Gente que não seja decente
nem docente
nem docemente
nem delicodocemente
Gente com mente
com sã mente
que sinta que não mente
que sinta o dente são e a mente
Gente que enterre o dente
que fira de unha e dente
e mostre o dente potente
ao prepotente
O que é preciso é gente
que atire fora com essa gente
Essa gente dominada por essa gente
não sente como a gente
não quer
ser dominada por gente
NENHUMA!
A gente
só é dominada por essa gente
quando não sabe que é gente.