Fernando Dacosta nasceu no Caxito, Angola, no dia 12 de Dezembro de 1945.
É romancista, dramaturgo, jornalista, conferencista.
Nesta homenagem no dia do seu aniversário, um excerto do livro “Nascido no Estado Novo”:
LÁGRIMAS PARA AMÁLIA
Amália Rodrigues ficou chocada quando Natália Correia leu, num serão em sua casa, extractos da peça A Pécora, um dos grandes êxitos do teatro português pós-25 de Abril. Frequentadora das recepções da fadista, com David Mourão Ferreira, Vitorino Nemésio, Ary dos Santos, Alain Oulman, Vinícius de Morais, a escritora afastou-se delas nos finais da década de 60 para emergir, entre seguidores e admiradores próprios, no Botequim – onde se fixaria, imporia até ao fim da vida.
Demasiado voluntariosas e caprichosas, as duas depressa desconvergiriam: “Está uma beata horrenda”, exclamava-me, de Amália, Natália; “Tornou-se numa herege insuportável”, contrapunha-me, de Natália, Amália. (…)
(…) Quando tinha 13 anos apaixonei-me por Salazar, era o Poder, o Pai. Mais tarde, António Ferro levou-me a casa dele, morava ainda na Rua de S. Bernardo, foi muito simpático… ao sair comentou: “Gostei de conhecer a criaturinha.” A criaturinha era eu. De Marcelo já não gostei, era o padrasto. (…)
(…) Refugiava-se na casa de S. Bento (a sua pirâmide mágica) como uma castelã. Dela contemplava os outros e o mundo – nela aguardava a morte: “Para mim o universo acaba quando eu morrer. Quando me dá para a tristeza dá-me para me matar, é um sentimento profundo, uma quase não vontade de cá andar” (…) “Quando morrer façam favor de chorar. Uma pessoa que tem fome pede pão, eu peço lágrimas.” (…)
(…) Passou o último dia na sua quinta do Brejão, no Alentejo. Acompanhou o pôr-do-sol (chamou as amigas, tal a sua magnitude, para o verem) e, horas depois, partiu. Não morreu, voou.
Me gusto mucho este extracto del eximio novelista Fernando Da Costa !!!
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De facto, Fernando Dacosta é um excelente escritor. O extracto que publiquei é muito interessante e refere a realidade da vida daquelas personagens verdadeiras. Um abraço
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