“Pensar Portugal é pensá-lo no que ele é e não iludirmo-nos sobre o que ele é. Ora o que ele é é a inconsciência, um infantilismo orgânico, o repentismo, o desequilíbrio emotivo que vai da abjecção e lágrima fácil aos actos grandiosos e heróicos, a credulidade, o embasbacamento, a difícil assumpção da própria liberdade e a paralela e cómoda entrega do próprio destino às mãos dos outros, o mesquinho espírito de intriga, o entendimento e valorização de tudo numa dimensão curta, a zanga fácil e a reconciliação fácil como se tudo fossem rixas de família, a tendência para fazermos sempre da nossa vida um teatro, o berro, o espalhafato, a desinibição tumultuosa, o despudor com que exibimos facilmente o que devia ficar de portas adentro, a grosseria de um novo-rico sem riqueza, o egoísmo feroz e indiscreto balanceado com o altruísmo, se houver gente a ver ou a saber, a inautenticidade visível se queremos subir além de nós, a superficialidade vistosa, a improvisação de expediente, o arrivismo, a trafulhice e o gozo e a vaidade de intrujar com a nossa «esperteza saloia», o fatalismo, a crendice milagreira, a parolice. Decerto, temos também as nossas virtudes. Mas, na sua maioria, elas têm a sua raiz nestas misérias. Pensar Portugal? Mas mais ou menos todos sabemos já o que ele é. O que importa agora é apenas “pensá-lo” — ou seja, pôr-lhe um penso…”
Vergílio Ferreira, in “Conta-Corrente 2”
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Quem me dera ser mais novo, e, não saber o que sei hoje…
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Também penso o mesmo. Cumprimentos.
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O Virgilio sempre soube pôr o dedo na ferida; mas Portugal é um pouco mais. É um trago de humanidade sem azedume, mas sempre inconsciente e capaz de estar mais no mundo do que dentro do pequeno retangulo, onde parece que só existe para sonhar e passar a noite. Já pensaram que os portugueses têm muito de chanfrados e nada de lucidos? Mas também valha-nos isso; é que o mundo é mais mau do que louco, e eu prefiro ser louco e não ser mau!
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De acordo. Também prefiro a loucura à maldade. Um abraço.
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Isso… é já uma certa consciência de paz e bem estar consigo próprio. Eu também sinto o mesmo. A maioria da informação de que dispomos, dos ensinamentos desta sociedade decadente em que vivemos é “ruído na consciência”… – a pureza com que viemos ao mundo é transformada, e só é depurada com morte do ser – mas atenção; depende muito, também para onde e como vai, a matéria dessa morte.
Cidade, Novena
Pureza de um certo elemento
Mistura-se uma noutra pureza
Assim faz-se criar no desalento
duma gota solta, d’água presa
Desprende, cai, ganha velocidade
Não se expande, corre, é invento
Bate, explode, torna-se cidade
Movimento rola, conhecimento
Já não tem reconhecida pureza
Dá-nos vida e tira a certeza
Noutra forma crescendo a rolar
Já não é mais formosa e pequena
Renova a cidade, na novena
E quem nota, quem sabe, só o mar !
B)’iL; no AoSol’ÉqueSeEstáBém…
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Excelente, amigo Bil! Esta COISA de escrever faz de nós gente de um mundo muito nosso!
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