DIA 24 DE DEZEMBRO
NOITE DE NATAL
Dia 24, no princípio da tarde, Alberto bate à porta. Maria abre-a com um sorriso de boa disposição e simpatia. Foi a primeira noite que dormiu na sua casa.
– Que surpresa Doutor Alberto! Que alegria em vê-lo. Que bom! Posso convidá-lo a tomar um chazinho e a provar uns bolinhos de chocolate que hoje de manhã me trouxeram a Lucília e a Filomena, que vieram visitar-me e dar os parabéns por tudo de bom que me tem acontecido nos últimos dias. Sabe, elas vêm passar a noite da consoada comigo, para estrearmos a casa com festa. Daqui a pouco lá vêm elas com o bacalhau, as batatas e sei lá o que mais. Estou tão contente, que até tenho medo que me aconteça alguma coisa má. Só gostava de ter o Luizinho connosco, mas ainda não pode ser, não pode ser. Pronto. Mas não deve faltar muito, pois não, Doutor Alberto? Quando ele sair do Hospital faço uma festa. Já fica convidado, está bem?
O seu aspecto ainda doentio contrasta com o brilho dos seus olhos. Parece querer aproveitar estes momentos como se de repente se esgotassem.
– Com a sua ajuda tenho tudo o que ambicionava, Dr. Alberto. Eu e o Luizinho nunca o esqueceremos. Fico feliz por ainda existirem pessoas como o Doutor Alberto. Uma pessoa em quem se pode confiar, simples, que percebe as injustiças que os mais fracos, como eu, que são vítimas do orgulho e desprezo por aqueles que se julgam os reis do mundo. É tão bom estar aqui consigo, tão bom! Olari! (…)
NOTA: Esta história acaba amanhã dia 25 de Dezembro, dia de Natal.
Terá Maria conquistado, definitivamente, o direito a ser feliz?
José Eduardo Taveira
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