De um tempo que não sei,
A minha mão ainda encaixa no teu rosto
Como se os deuses nos tocassem.
A alma a nu
Na ponta dos dedos,
As palavras guardadas inteiras
Num recanto qualquer, esquecido.
Nunca foi preciso dizer-te
O que fosse de mim,
Como se soubesses de onde venho,
Como se nunca tivesse perdido
O rumo dos teus passos.
Ontem e hoje confundem-se,
Ouvindo essa voz arcaica
Que não se questiona,
Que é Verdade.
Fazemos parte de algo maior,
Sem censura, sem tempo ou lugar,
Sem porquês.
Ainda me lembro dos teus olhos,
Das tuas lágrimas,
E tudo isso me queima e apazigua.
Hoje estou aqui. E não questiono.
Ana Brilha