VII

 

De um tempo que não sei,

A minha mão ainda encaixa no teu rosto

Como se os deuses nos tocassem.

A alma a nu

Na ponta dos dedos,

As palavras guardadas inteiras

Num recanto qualquer, esquecido.

Nunca foi preciso dizer-te

O que fosse de mim,

Como se soubesses de onde venho,

Como se nunca tivesse perdido

O rumo dos teus passos.

Ontem e hoje confundem-se,

Ouvindo essa voz arcaica

Que não se questiona,

Que é Verdade.

Fazemos parte de algo maior,

Sem censura, sem tempo ou lugar,

Sem porquês.

Ainda me lembro dos teus olhos,

Das tuas lágrimas,

E tudo isso me queima e apazigua.

Hoje estou aqui. E não questiono.

 Ana Brilha

http://intermitenciasdaescrita.wordpress.com/

Esta entrada foi publicada em Opiniões, testemunhos. ligação permanente.

Deixe um comentário

Este site utiliza o Akismet para reduzir spam. Fica a saber como são processados os dados dos comentários.