A experiência a escrever algo desta dimensão pela primeira vez é… simplesmente surpreendente.
Sobre a formação da estória:
Sara e David era suposto serem as personagens principais.
Precisava de um vilão astuto e algo dissimulado e para este papel escolhi o Victor. Director de um museu, sem grandes escrúpulos e muito mais interessado na fama e nos resultados materiais que a descoberta lhe traria. Pouco se importaria com os métodos e com as pessoas.
Queria também alguém para desconcertar o grupo e criar alguma agitação, quase sempre no bom sentido, com espírito de aventura e ousadia quanto baste, a Veronica.
Bem, para não levar ninguém ao engano, afinal eu não sabia do que precisava e todas as personagens planeadas, e outras não planeadas, acabaram por se moldar à estória e não ao que eu queria.
Sara e David são personagens centrais, mas dividem claramente o protagonismo com outras personagens.
Quanto ao Victor, é realmente director de um museu e chefe da expedição, mas em tudo o resto, não. E afinal o vilão…
Esta é a parte que mais me impressinou na experiência de escrever.
Não fui realmente eu a fazer a estória ou a construir os personagens!
Depois de definidos os pontos de passagem principais, na realidade, eu não tinha quase nada. Mas a sequência e o encadeamento da estória deram-me o resto, de um modo muito natural sem grandes desvios, com o caminho sempre à vista.
A estória escreveu-se a si própria, os personagens sairam do meu controlo e as suas características apareceram sem a minha intervenção consciente. E o mais surpreendente é que as relações entre eles e com a aventura em si encaixaram na perfeição, sem qualquer esforço da minha parte.
Eu ia conhecendo o enredo e os pormenores apenas à medida que os escrevia!
Quase sempre tive pena de não conseguir escrever à velocidade do pensamento porque as cenas seguintes surgiam sempre rapidamente.
Escrever para mim é afinal parecido com a descoberta de ler um livro. Só que são as nossas ideias, é a nossa mente a criar e as sensações são muito mais vivas, mais surpreendentes, de longe muito mais reais do que se apenas estivesse a ler.