A mulher é como a flor, depois de cortada, murcha e perde o brilho do rosto. É uma comparação que assume uma preocupação sobre o modo como vamos desenvolvendo as relações de comunicação e de partilha das tarefas e das responsabilidades, que fazem dos seres humanos, mais semelhantes e menos estranhos.
Homem e Mulher são a unidade da beleza humana que se especifica no género e se distingue na forma; são elementos, que em separado percorrem trajetos de sonho e de realização, que revelam o fascínio natural que a vida humana contém, nas suas partes e no seu todo. Trajetos de sonho que ganham outro significado, quando se tocam na semelhança de esforço com vista a uma realização individual, mas também, em conformidade social, de desejo e sentimento mútuos.
Não há qualquer diferença entre o homem e a mulher, senão na subtileza da realização e na sensibilidade da vida; ambos a sentimos como homem ou como mulher, a vivemos como semelhantes e nos realizamos em conformidade com a nossa natureza.
Mas existe um plano que é comum e que permite que tanto o homem como a mulher vivam a sua vida singular ou de conjunto; de modo individualizado ou de modo coletivo e que é constituído por duas partes ou planos geométricos de um mesmo plano; como se fosse um jardim com dois terrenos; com flores semelhantes, mas de características e canteiros distintos.
Um plano onde a mulher e o homem gravitam, onde se tocam e fundem, nas ideias e desejos, nos gostos e aventuras; e acima de tudo, onde reúnem a vida para lhe darem significado e sentido, e a tornarem mais bela e diferente. Um plano que contém o caminho e o processo que sensibiliza a vida de ambos; homem e mulher, mas que não permite o afastamento de cada uma das suas partes, nem que haja confusão de características, lugares ou formas; somos semelhantes e comuns, mas não somos a mesma realidade.
É esta preocupação que deve estar presente nas relações do nosso dia-a-dia; a preocupação de mantermos a ordem em cada um dos espaços em que nos movemos e o sentido certo da nossa especificidade, no género e na forma, pelo respeito e acordo de princípios, pela responsabilidade de tarefas e pela exigência do rigor. A preocupação de fazer da relação humana a relação social e ética, a relação de coexistência num mundo em que a partilha de tarefas vai sendo cada vez mais igual e o plano comum se vai tornando mais homogéneo e equilibrado. Num mundo onde os valores são avaliados pelas qualidades que acrescentam outras realidades à vida humana e a melhoram na sua semelhança; aliás, num mundo em que somos iguais, se forem iguais as oportunidades.
Parece-me, por estas razões, continuar a ser razoável a análise em relação a esta preocupação, pois foi boa a rapidez com que chegámos ao reconhecimento desta necessidade, da necessidade de nos sentirmos iguais, mas parecemos esquecer que estas realidades têm que ser, de facto, tão cheias de conteúdo como de humanidade, e não apenas partilhas cheias de conteúdo e vazias de humanismo.
É uma realidade que a mulher de hoje sente-se mais livre, semelhante e igual em oportunidades, mas a mulher como mãe não está tão próxima dos filhos como estava; os filhos falam-lhe através das máquinas ou dos brinquedos! A mulher esposa é um elemento da casa que já não está só; e os maridos, nos nossos dias, até ajudam nas lides domésticas, mas a maioria, mais para colaborarem na relação conjugal; para não estarem fora da imagem social do nosso tempo.
Os jovens facilmente iniciam relações de amizade com o sexo oposto, mas também com a mesma facilidade se desvinculam; estão muito próximos no corpo, mas afastados no coração. E a preocupação torna-se muito mais aflitiva, se soubermos que o principal foco destes problemas reside no facto de estar a verificar-se uma certa confusão nas limitações dos planos que dizem respeito ao homem e à mulher; isto é, as oportunidades que realizam são vazias de humanismo, não têm o reconhecimento de ambos, pela sua semelhança; ou seja, faz-se e participa-se, mais para se ser moderno e não se ser notado na sociedade do que de modo voluntário e livre.
O reconhecimento da necessidade de nos sentirmos iguais não está a ser acompanhado pela tolerância e esforço de cooperação de ambos; aliás, julgo que se insiste muito mais na afirmação da igualdade do que na procura de soluções para se viver de modo igual e sem ter que se sacrificar os filhos ou um qualquer dos elementos; homem e mulher, marido ou esposa, à satisfação egoística das vontades emancipadoras, sem o consequente sacrifício de ambas as partes.
É bom não esquecer que existe um plano constituído por dois planos tangentes e geométricos, onde o homem e a mulher se realizam e tornam a vida mais bela, mas que não permite que nos afastemos de cada uma das suas partes nem troquemos as suas ordens; o que é do homem, só ele o poderá realizar, o que é da mulher, só ela o poderá solucionar. Vale a pena a tolerância, em troca de um amor verdadeiro e de uma vida saudável; a mulher e o homem são as partes de uma unidade que quanto mais se força mais se enfraquece e perde o brilho.
Macedo Teixeira