Todos sabemos que o mundo da edição mudou, tanto para autores como para editores. Vendem-se actualmente mais livros electrónicos do que em papel (77% para 52%). Mas estes últimos não vão desaparecer, pelo menos em algumas categorias, como os livros de Arte, de Património Natural ou Arquitectónico, ou de Fotografia. Os romances, novelas e outros géneros mais populares como mistério e ficção científica, porém, deixarão de ser publicados em papel dentro de médio ou mesmo curto prazo.
No que diz respeito aos livros para crianças, as tendências ainda não se encontram bem definidas. Pessoalmente, vendo mais livros electrónicos do que em papel, por isso, contrariamente ao que gostaria de fazer, tenho vindo a optar por este tipo de edição.
Apercebi-me também de que os dois tipos de leitores são diferentes: os leitores de livros de papel continuam a ser controlados pelos meios de comunicação e as grandes editoras, comprando livros de autores cujos rostos aparecem constantemente nos jornais, revistas ou na televisão – numa palavra, os que têm o monopólio das prateleiras nas livrarias e cujos nomes são constantemente mencionados. Numa entrevista na sequência do prémio que recebeu recentemente, Mia Couto disse algo que é uma confirmação desta realidade. Ele referiu que a maioria das pessoas que lhe tinham comprado livros nem sequer sabiam ler.
Aqueles leitores que preferem o suporte digital como veículo de leitura são mais livres e não se deixam influenciar do mesmo modo. Segundo o inquérito em questão, a 64% desses leitores não interessa saber que editora publicou o livro, é assunto a que não ligam. 33% disse que dava alguma inportância a isso, e 4% disse que o nome da editora era o que definia a escolha.
Relativamente a críticas literárias sobre os livros, ainda dentro da publicação digital, 53% dos leitores deixa-se um pouco influenciar pelas mesmas, 29% não lhes dá qualquer valor (possivelmente porque sabe que as grandes casas de edição pagam normalmente para as obter), e 18% são bastante influenciados.
Questionados sobre como escolhiam um livro, 35% dos leitores inquiridos conheceram novos autores por meio dos livros gratuitos e, se gostaram do que leram, 85% estaria disposto a depois comprar livros desse autor.
Um dos pontos que mais admirou quem analisou os resultados do inquérito foi o facto de que 60% dos leitores diz não seguir os seus autores preferidos no Twitter, enquanto 87% diz seguir os seus autores preferidos no Facebook.
Houve muitos outros pontos tratados, mas estes parecem-me os que mais importância podem ter para os autores “desconhecidos” do grande público, isto é aqueles que não fazem parte dos nomes e rostos (sempre os mesmos) veículados pelos meios de comunicação.