Simone Veil, nasceu em Nice, França, no ano de 1927.
É uma política e jurista francesa, que dedicou a vida às causas das mulheres, dos idosos, dos imigrantes e das crianças adoptadas. Foi a responsável pela lei francesa de despenalização do aborto, em 1975, enquanto Ministra da Saúde.
Simone Veil é uma sobrevivente do campo de concentração de Auschwitz-Birkenau, onde viu morrer todos os seus familiares.
Em 1979, foi eleita como a primeira mulher a Presidir ao Parlamento Europeu, cargo que ocupou até 1982.
É membro da Academia Francesa desde 18 de Março de 2010 e Presidente da Fundação para a Memória da Shoah.
Aos 80 anos, decidiu escrever o seu livro de memórias: “Uma vida”.
Excerto do discurso proferido por Simone Veil, no Senado Francês, em 1974:
“Se tantas mulheres correram o risco de uma pesada condenação judicial, se tantos médicos foram contra a lei e explicaram porquê, foi porque a opinião pública já percebeu como é iníqua uma lei que nunca atingiu os objectivos que dizia perseguir, o de impedir os abortos. Mas, para além da ineficácia, há outras fortes razões para mudar a nossa legislação. Razões tão sérias que são na realidade bem poucos os que desejam a sua manutenção ou que ainda acham a sua aplicação possível.
A primeira razão é a desigualdade insuportável das mulheres frente a uma gravidez indesejada. Tal desigualdade resulta evidente não só das estatísticas judiciais — são sempre as mulheres de meios mais modestos que estão envolvidas — mas também daquilo que todos podemos ver hoje sem margem para dúvidas: para quem tem meios, a angústia e a solidão são muito menos difíceis.
O sofrimento — porque se trata sempre de um sofrimento para qualquer mulher — é suavizado pela segurança que oferece uma clínica em França ou no estrangeiro. Para as outras, que não tiveram acesso a estas soluções ilegais mas apesar de tudo mais seguras, abrem-se então as soluções bem conhecidas e cuja mera evocação é dificilmente suportável. Elas acabam por conduzir essas mulheres aos serviços hospitalares, permanentemente ocupados por quem recorreu a tais procedimentos de mutilação. Algumas hão-de pagar com a vida este gesto de desespero, muitas outras serão atingidas por uma esterilidade ou uma deficiência que marcará todo o resto da sua vida.
É uma injustiça insuportável que a vida, a saúde, a futura maternidade de uma mulher estejam assim ligadas ao seu nível socioprofissional. A maioria dos cidadãos sabe-o. Não podemos continuar a tolerá-lo porque o sentido do esforço social dos nossos dias é reduzir as desigualdades perante o sofrimento e a adversidade.”
Nota: Muitas mulheres, ao longo da História, lutaram e lutam pelos seus direitos, tais como: Elizabeth Cady Stanton, Susan B. Anthony, Voltairine de Cleyre, Margaret Sanger, Lucy Stone, Frances Willard, Betty Friedan, Kate Sheppard, Liesl Gerntholz, etc.etc.