Reflexões

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DESABAFOS

Caridade

Num país da América Latina, escrito nas paredes de um hospital, lê-se um verso, da autoria de um poeta anónimo:

O senhor Juan de Robres

Com caridade sem igual

Mandou fazer este hospital

Mas antes fez os pobres…

Que pode fazer a humanidade para se livrar da infestação social dos senhores Robres? Bom, simplesmente nada, porque os Robres deste mundo é parte indissociável, (enquanto produto da natureza), da humanidade, e esta não se pode amputar a si mesma. Na verdade, não é caso de extrema importância perseguir os senhores Robres, enquanto casos isolados, porque, pela via da concorrência, eles acabam sempre por se abocanharem uns aos outros; é o que acontece à rataria, logo que se abriga num subterrâneo sem alimentos: comem-se entre iguais.

Então, os Robres deste mundo, não são razão de monta para causar insónias aos povos do planeta? A lógica desta simplória interrogação tem o seu quê de perverso, é ambígua, e pode muito bem receber duas respostas: sim, ou não; Tudo depende. Um Juan de Robres por si só não faz uma montanha, porque voa baixo, rasteiro, e o seu horizonte não abarca muitas presas. É verdade que fabrica pobres, mas na dimensão artesanal que cabe a uma fabriqueta de miséria; e quando enriquece, a sua vaidade, o seu ego, leva-o à filantropia, e ele constrói então o tal hospital. Até pode acontecer, (e acontece a miude), que o tal de Robres não seja de todo má pessoa, (a natureza tem destas coisas); e se, na região existirem dois Robres, que disputam entre si o monopólio da riqueza, então toda a região lucra. Fica com dois hospitais, e com uma pobreza disfarçada de modesta classe média.

O problema reside na associação em organizações de classe dos “Juans de Robres;” que, entre outros feitos, originam partidos políticos onde a palavra social, em letras gordas, se vislumbra nas siglas; com juventudes fanáticas, em cujas cabeças os cérebros foram substituídos por pedaços de barro mal cozido, que originam ministros de governos de palavras fáceis nos discursos hipócritas, pensados para cativar as massas iletradas; dão corpo a sociedades de responsabilidade anónima limitada, onde a concentração de capitais lhes garante o poder absoluto sobre tudo o que, por baixo deles, tentando passar despercebido, se mexa; mercados de capitais, bancos, agências internacionais de rating que destroem ou constroem países, laboratórios farmacêuticos que experimentam os seus produtos nas áreas mais remotas do globo, em seres humanos indefesos; a perversidade do mundo poderoso edificado a partir das organizações de classe formadas por muitos e poderosos Robres, de sorriso aflorado em lábios finos sob uns olhos de ave de rapina, do topo do seu estatuto de patrões universais, dispõem-se à caridadezinha; umas mantas e umas sopas quentes para combater a agrura do frio de inverno. A hipocrisia de um sorriso. Um “tenha paciência” dito em perverso tom de resignação. Um “fique com Deus.”

Esta a ignominia a que hoje nos sujeitamos, pelas santas mãos desta social-democracia, que tanto nos protege das heresias dos algozes comunistas.

Para o milhão e quatrocentos mil desempregados que o sistema gerou, trabalho nunca, nem subsídios de desemprego; caridade sim, uma caridade do “tenha paciência, vêm por aí dias melhores;”um ministro sorridente que saltita feliz, a dizer asneiras, e que, à noite, corre à roda da mesa à frente da mulher, a cantar: Sou ministro! Sou ministro!”

Esta a caridade que não quero!

Portugal feliz e contente

“A vida é o que acontece, quando fazemos planos para outras coisas.”

A frase não é minha. É de Patrícia Mac Donald, e fui buscá-la ao seu livro intitulado: “O último refúgio.” É bem verdade, (quanto a mim), que a vida é mesmo isso, uma sequência de ocorrências ocasionais, imprevisíveis, na maioria dos casos inadmissíveis à luz da lógica, e que sistematicamente nos estragam os planos que gizamos.

Certezas, quanto ao caminho que cada um de nós traça de acordo com as suas conveniências, poucas, ou mesmo nenhumas, por muito que planeemos o futuro.

Agora garantias colectivas, prestadas pelas instituições do país a que pertencemos, e que nos são outorgadas pela Constituição, isso, é outra “louça” como é uso dizer-se; é inadmissível admitir sequer que determinado governo põe em causa os direitos dos seus cidadãos já aposentados, retirando-lhes parte dos valores das suas reformas, com o argumento de dificuldades nacionais extremas, que, na verdade, existem por erros sucessivos de governação, por duas razões fundamentais: primeiro, porque se estabeleceu um contrato entre ambas as partes, baseado no princípio da confiança mútua, segundo, porque o dinheiro é pertença dos cidadãos aposentados e não do governo vigente; não misturemos as “águas” permitindo que governantes corruptos sucessivamente, se responsabilizem uns aos outros, de legislatura para legislatura. Quando assim sucede estamos perante quadrilhas que praticam o crime organizado, e nunca perante políticos credíveis. E o crime sobe de nível de gravidade quando o mais elevado magistrado da Nação lhe transmite legitimidade.

Se governantes que cobardemente roubam aqueles que, por via da idade, já não conseguem defender-se, esses governantes são ladrões, mas se esse bando de facínoras beneficia da benevolência presidencial, como chamar ao homem que jurou por sua honra cumprir e fazer cumprir a Constituição? Bom, dizer que estamos na presença de um facínora reles e desprezível talvez não seja o suficiente. Na verdade estamos perante um crime de lesa Pátria, o que, a não ocorrer uma acção militar imediata e punitiva, justifica plenamente uma revolta popular.

Se esta “democracia”não foi tomada de assalto pelos “Robres”deste pobre país, ela contêm em si mesma os argumentos e as soluções, (afirmadas nas urnas), para enfrentar as nossas agruras colectivas; dispensamos assim o paternalismo presidencial evidenciado nas atitudes de Sua Excelência!

Temos a infelicidade de estes nossos Robres nem construírem um pequeno e modestíssimo hospital, depois de nos tornarem os mais pobres dos pobres de toda a Europa.

E assim termino, camaradas e amigos, gritando a minha revolta, e clamando que chegou a hora de, de armas em punho, marcharmos unidos contra os LADRÕES!

José Solá

 

 

 

 

 

Sobre jsola02

quando me disseram que tinha de escrever uma apresentação, logo falar sobre mim, a coisa ficou feia. Falar sobre mim para dizer o quê? Que gosto de escrever, (dá-me paz, fico mais gente), que escrever é como respirar, comer ou dormir, é sinal que estou vivo e desperto? Mas a quem pode interessar saber coisas sobre um ilustre desconhecido? Qual é o interesse de conhecer uma vida igual a tantas outras, de um individuo, filho de uma família paupérrima, que nasceu para escrever, que aos catorze anos procurou um editor, que depois, muito mais tarde, publicou contos nos jornais diários da capital, entrevistas e pequenos artigos, que passou por todo o tipo de trabalho, como operário, como chefe de departamento técnico, e que, reformado, para continuar útil e activo, aos setenta anos recomeçou a escrever como se exercesse uma nova profissão. Parece-me que é pouco relevante. Mas, como escrever é exercer uma profissão tão útil como qualquer outra, desde que seja exercida com a honestidade de se dizer aquilo que se pensa, (penso que não há trabalhos superiores ou trabalhos inferiores, todos contribuem para o progresso e o bem estar do mundo), vou aceitar o desafio de me expor. Ficarei feliz se conseguir contribuir para que as pessoas pensem mais; ficarei feliz se me disserem o que pensam do que escrevo… José Solá
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