A águia voou para o sublime penhasco. Era o seu local de reflexão: ali decidia como proceder e quem interrogar; ali resolvia crimes por um método de investigação puramente intelectual, confrontando as peças num jogo que a divertia.
Encheu um copo de vinho tinto.
Colocou a fritar uma farinheira e um queijo francês, acrescentou alho, molho inglês, regou com whisky e, enquanto petiscava, lembrou-se da sua conversa com o leopardo.
Sua Alteza fora informada pelo chefe dos serviços secretos, o chacal, que alguém se preparava para o matar. (O chacal, pensando bem, era suspeito. E “avisar o rei” podia trazer água no bico. Anotou. Deu um golo no vinho). Haviam descoberto uma bomba, de fabrico artesanal, que tinha acabado por não explodir. Trabalho idiota. A tartaruga!? (Anotou).
O principal suspeito parecia-lhe o crocodilo. O eterno rival de Sua Alteza.
A águia teve um arrepio longo, como sob um duche de água gelada. Deu novo golo no vinho. Terminou a farinheira com queijo. (Tinha exagerado num dos ingredientes, talvez no molho…); e, com um último arrepio, e quem sabe se “o último arrepio” da sua vida, voou ao encontro do crocodilo.
Uma entrevista no sinistro pântano – com o tenebroso crocodilo. Meu Deus, meu Deus, meu Deus!