Caro Jesus
Fui criticado. “É bispo, é cardeal – disseram – fartou-se de escrever cartas em todas as direcções: a M. Twain, a Péguy, a Casella, a Penélope, a Dickens, a Marlowe, a Goldoni e nem se sabe a quantos outros. E nem sequer uma linha a Jesus Cristo!”.
Tu bem sabes. Eu esforço-me por ter contigo um colóquio contínuo. Traduzi-lo em carta é, porém, difícil; são coisas pessoais. E depois, tão pequenas! E ainda, o que hei-de eu escrever a Ti, de Ti, após todos os livros que sobre Ti foram escritos?
E, além disso, existe o Evangelho. Como o relâmpago supera todos os fogos e o rádio todos os metais; como o míssil ultrapassa em velocidade a flexa do pobre selvagem, assim o Evangelho ultrapassa todos os livros.
Todavia, aqui está a carta. Escrevo-a a tremer, na condição de um pobre surdo-mudo, que se esforça por fazer-se entender, com o estado de alma de Jeremias que, enviado a pregar, Te dizia, cheio de relutância: “ Não passo de uma criança, Senhor; não sei falar!”.
Pilatos apresentando-Te ao povo, disse: Eis o homem! Pensava que Te conheciam, mas nem sequer conhecia uma migalha do teu coração, que vezes sem conta e de inúmeras maneiras mostraste terno e misericordioso.
A Tua mãe. Na cruz, não quiseste partir deste mundo sem lhe ter encontrado um segundo filho para cuidar dela e disseste a João: “Eis aí a tua mãe”.
(continua)
Albino Luciani – autor do livro “Ilustríssimos Senhores”
Textos como estes devem ser lidos por todas as pessoas, indiscriminadamente. Parabéns pelo trabalho.
Jacques Miranda – Brasil
http://www.jacquesmiranda.com.br
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Muito obrigado, caro Jacques Miranda. Cumprimentos.
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