Andei a ler por alto as justas preocupações que trazem sobressalto à nossa indústria do livro. É evidente que o consumo do livro se recente do cada vez menor puder de compra que aflige as pessoas. Os livros, sendo uma primeira necessidade para o espírito, não o são de todo para a barriga, e com barriga vazia não existem anseios espirituais. Em primeiríssimo lugar vêem as necessidades da sobrevivência. Quanto aos livros em formato e-book, são uma possibilidade, mas sempre de segundo plano. E porquê? É simples. Chama-se memória. A memória em primeiro lugar, mas logo depois vem a necessidade de renovação de estilos e de ideias, e depois a qualidade do mercado. São questões que fazem dos editores muito mais do que simples comerciantes. O papel de comerciante é fato que assenta melhor ao livreiro do que ao editor, a este o meio-termo; se, por um lado, não pode e não deve descorar as perspectivas de lucro, por outro, cabe-lhe encontrar novos autores, o que implica, em muitos dos casos, (senão mesmo em todos), correr riscos, o que, nos dias que correm, pode significar para muitas editores a falência. Quanto ao nosso mercado, tem a ver com a qualidade e os interesses dos leitores. Se pensarmos no grande Fernando Pessoa, vemos que ele foi aceite pelos portugueses depois de os estrangeiros o descobrirem. Isto salienta as muitas fragilidades do nosso mercado. È difícil a situação dos nossos editores. Como decidir? O recurso sistemático aos autores estrangeiros vai progressivamente afectando os nossos novos escritores, e isso tem como resultado o empobrecimento, até a perda, (atrevo-me a dize-lo), da nossa identidade como povo.
Contudo, e para mim, a questão da nossa memória é fulcral. Muito novo comecei a frequentar alfarrabistas, livrarias e bibliotecas. Nas livrarias perdia horas a folhear livros até descobrir um que mais me prendia a atenção. Nunca fui fã de autores, embora tivesse preferências, mas aprendi que, para definir o que, para mim, é bom, tenho de também entender o que para mim não é o melhor. E tive, com este meu critério, muitas e agradáveis surpresas. Aprendi a pensar melhor com a leitura de obras consideradas de segundo plano, e tive agradáveis surpresas quando, mais tarde, as vi reconhecidas pela crítica e pelo público.
Julgo que a solução mais eficaz passa pela presença da obra, exposta no maior numero possível de locais de venda, de preferência livrarias, só que em pequenas quantidades, (quatro exemplares, no máximo), e, se possível, com o “truque” da redução de preço por não haver despesas de envio. Habituar o publico a encomendar a obra na livraria, depois de, (de acordo com as memórias da infância), a seleccionar após a leitura de uma ou outra página. Promover debates com a presença e a participação dos autores. Não e somente sessões de autógrafos ou lançamento de livros. O porquê do livro, especificamente daquele livro. A razão de ser do tema. Os meandros do raciocínio que levou a abordar o assunto daquela maneira e não de outra. Debates em livrarias, bibliotecas, ou outros locais apropriados e abertos ao público. Façam alguma coisa, mesmo que da primeira vez ocorra um ou outro disparate, mas, por amor de Deus, não deixem morrer os livros, e muito menos por razões economicistas que são de todo incompreensíveis!
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Sr. José Solá,
Deduzo da leitura do seu texto que, além de ler, o senhor também escreve por alto, com alguns erros de ortografia que até mete impressão à vista.
Sem mais demora, passo à enumeração:
1. – “o consumo do livro se recente”. O senhor confunde “recente” que se refere a algo novo, que tem pouco tempo, com a conjugação do verbo “ressentir” na 3ª pessoa singular no Presente do Indicativo.
2. – “puder de compra”. Não se trata de “puder”, mas sim de poder. Neste caso, estive inclinado a acreditar que pudesse ser um erro por descuido, mas não me parece. Tal como confunde “recente” com “ressente”, também confunde “puder” (conjugação do verbo “poder” na 1ª ou 3ª pessoa singular no Futuro do Conjuntivo) com “poder” (substantivo masculino).
3. – “Em primeiríssimo lugar vêem as necessidades da sobrevivência.” Mais um erro de quem confunde “ver” (eles vêem) com “vir” (eles vêm). Já vamos na terceira asneirada só nas cinco primeiras linhas…
4. – “È difícil a situação dos nossos editores.” O senhor também não sabe distinguir o acento agudo (´) do grave (`)? Isso é muito grave, embora o acento seja agudo em “é”!
5. – “atrevo-me a dize-lo”. Lá se foi o acento circunflexo em “dizê-lo”.
6. – “exposta no maior numero possível de locais de venda”. Falta o acento agudo em “número”.
7. – “Habituar o publico a encomendar a obra”. Um público sem acento… ou será sem assento?
Com isto tudo, e espero não me levar a mal, recomendo o seguinte: faça um rascunho antes de publicar um texto. Se é um viciado na leitura como deduzo do que escreveu, deveria escrever melhor.
Com os meus sinceros cumprimentos,
Pedro Pinto
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Em boa verdade, temos ilustres pessoas muito interessadas, em apontar erros. Mas tenho sempre dificuldade, em ver obra dos mestres da crítica.
O.ne.
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Meu caro amigo Orlando: É caso para dizer: Quem anda à chuva molha-se! Mas também é caso para dizer: quem não erra é quem não faz! Não é desculpa, mas em Portugal um saudoso senhor, escreveu livros por vezes sem pontuação, ou com os nomes próprios com letra minuscula, e,enquanto o Mundo lhe deu um Prémio Nobel, um qualquer da nossa digna assembleia fez com que ele se fosse para fora do País. Quem perdeu? Eu sempre tive este problema, em parte porque sou um alto miope, em parte porque sou disléxico, em parte porque o raciocinio anda-me na frente da mão, e porque não dize-lo, estou-me nas tintas para as criticas, sempre que são destrutivas. Vale o conteudo do que se escreve e o que ele tem para a sociedade aproveitar. No livro Ganância, mesmo depois das revisões,.ainda assim, existem três pequenas falhas, isto, mesmo com dois pares de olhos a ver. Um abraço e obrigado pelo seu comentário!
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